Coronavírus:Sobre a pandemia (notícias resumidas)

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Image result for Coronavírus nos eua13/3/2020, Moon of Alabama

Excertos (aqui traduzidos) de três artigos acessíveis sobre a nova pandemia de coronavírus.

NPRWhite House Knew Coronavirus Would Be A ‘Major Threat’ — But Response Fell Short [Casa Branca sabia que o coronavírus seria ‘Grande Ameaça’ – Mas a resposta foi insuficiente]

Alex Azar [diretor de Health and Human Services] foi ao presidente em janeiro. Conseguiu atravessar a barreira de resistência dos assessores políticos do presidente, para alertá-lo que o novo coronavírus poderia vir a ser problema importante. Assessores em torno de Trump – Kellyanne Conway mostrou-se cética, algumas vezes, de que fosse assunto que tivesse de ser prioridade presidencial.

Mas ao mesmo tempo, o secretário Azar nem sempre expos ao presidente o pior cenário do que poderia acontecer. Parece-me que não pressionou para que se fizessem testagens adicionais mais agressivas em semanas recentes, e isso, em parte, porque mais testes poderiam levar a se descobrirem mais casos do surto de coronavírus, e o presidente deixara bem claro – que quanto menor os números do coronavírus, melhor para sua possível reeleição nesse outono.

E que traços tinha aquele pior cenário?


NYT
The Worst-Case Estimate for U.S. Coronavirus Deaths [Estimativa do pior cenário para mortes pelo coronavírus nos EUA]

Funcionários dos Centros dos EUA para Controle e Prevenção de Doenças [ing. U.S. Centers for Disease Control and Prevention, CDC] e epidemiologistas de universidades em todo o mundo discutiram mês passado sobre o que poderia acontecer se o novo coronavírus chegasse aos EUA. Quantas mortes? Quantos infectados exigindo hospitalização?

Um dos principais especialistas da agência, Matthew Biggerstaff, apresentou ao grupo, por telefone, quatro possíveis cenários — A, B, C e D — baseados nas características do vírus, incluindo estimativas da transmissibilidade e da gravidade do quadro que o vírus provoca. Os pressupostos, aos quais o New York Times teve acesso, foram distribuídos a cerca de 50 especialistas, para que modelassem a disseminação do vírus na população – e o que poderia detê-la.

Entre 160 milhões e 240 milhões de pessoas nos EUA podem ser infectadas no curso da epidemia, segundo uma das projeções. Pode durar meses ou mesmo mais de um ano, com o contágio concentrado em períodos menores, distribuídos no tempo em diferentes comunidades, dizem os especialistas. O número de mortos foi estimado em algo entre 200 mil e 1,7 milhão de pessoas.

E cálculos baseados nos cenários do CDC sugeriam que de 2,4 milhões a 21 milhões de pessoas nos EUA podem precisar de hospitalização, o que potencialmente faria implodir o sistema médico do país, que só tem 925 mil leitos assistidos por profissionais médicos. Menos de um décimo desses leitos podem atender doentes em estado crítico.

Por isso dissemos que só se tudo parar [ing. lockdown], desde já e por tempo suficiente, é possível que o sistema de atenção à saúde nos EUA não fique sobrecarregado, de tal modo que muitos doentes que poderiam sobreviver em situação de adequado planejamento, venham a morrer.

Um colunista norte-americano, que estava na China quando do lockdown, repete nossa crítica contra o racismo  que levou a resposta ainda medíocre nos países ‘ocidentais’ [aspas no original].

NYTChina Bought the West Time. The West Squandered It. [China Conseguiu Garantir Tempo para q o Ocidente Reagisse. O Ocidente Desperdiçou esse Tempo]

Já agora há semanas, a atitude ante o surto de coronavírus nos EUA e em grande parte da Europa tem sido de reação bizarra, quando não de inacreditável passividade — ou já aconteceu de os governos nessas regiões terem desperdiçado a melhor chance para conter a disseminação do vírus. Tendo visto acontecer já na China uma espécie de reação inicial de negação, tenho agora sensação de déjà vu. Mas a China recebeu, inteiro, o golpe da surpresa; e os governos no ocidente sabiam com semanas de antecedência, o que estava vindo.

É como se a experiência da China nada tenha ensinado aos países ocidentais, como se não os tivesse alertado para os perigos da inação. Ainda pior, muitos governos parecem estar imitando algumas das piores medidas que a China implantou, fazendo-se de cegos para as melhores, ou para os sucessos dos chineses.

Em minha experiência de quem viveu semanas na China, no auge do período de fechamento, e em conversas com vários grupos, as pessoas estavam frustradas, até exasperadas, pelas medidas de fechamento – mas simultaneamente a maioria aprovava as medidas.

E o Ocidente permanece fixado em como o sistema chinês teria fracassado ao não ter contido o surto, e insiste em ignorar os aspectos do trabalho dos chineses que deram muito certo. Nada há de ‘autoritário’ em medindo-lhe a temperatura de quem desembarque em aeroportos, ou em oferecer tratamento médico gratuito a quem seja portador do Covid-19.

Esse que vos fala trabalha atualmente em um artigo sobre as consequências sociais, políticas e geopolíticas que a pandemia muito provavelmente terá. Meu primeiro esboço indica que serão gigantescas e que reverberarão por várias décadas. Terei de moderar o tom.


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