Contradições de um Secretário de Estado

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Por Moon of Alabama. Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

O presidente Putin da Federação Russa, em frase que correu o mundo, chamou de mentiroso o Secretário de Estado Kerry. Ontem, ficou provado, mais uma vez, que Putin acertou: [Kerry] disse que Assad facilitou “deliberadamente” o crescimento do extremismo para apresentar-se pessoalmente como aliado do ocidente contra os radicais.

“Ele vem fazendo isso há meses – tentando apresentar-se como protetor da Síria contra os extremistas, quando ele próprio vem financiando alguns daqueles extremistas” – disse Kerry. E acusou Assad de estar “deliberadamente cedendo algum terreno aos extremistas, para aumentar o problema do extremismo, de modo a poder argumentar que, de algum modo, ele é o protetor”.

De que extremistas Kerry está falando? Quem está matando e degolando civis não é o Hezbollah, que tem apoio do governo sírio. Quem está matando e degolando civis são os Takfiris apoiados pelo “ocidente”. E esses, com certeza, não foram criados por Assad. Os Takfiris se autocriaram, graças a dinheiro que receberam de fora da Síria; e isso acontecia já antes dos primeiros protestos na Síria, que começaram em março de 2011:

“Em outra cidade em Idlib, no norte, outro jihadista – de outro grupo diferente – partilhava o objetivo de Ibrahim, de um estado islâmico. “Abu Zayd”, 25 anos, é graduado em estudos da Xaria, e comanda uma das brigadas fundadoras de Ahrar al-Sham, grupo que prega a interpretação conservadora salafista do Islã sunita.  …

O grupo Ahrar começou a trabalhar na formação de brigadas “depois da revolução egípcia”, disse Abu Zayd said, bem antes de 15/3/2011, quando começou a revolução síria, com protestos na cidade de Dara’a”.

E o líder do grupo Ahrar al Shams já se apresentou, ele mesmo, como membro da Al-Qaeda:

Um alto comandante de um dos maiores grupos de rebeldes sírios reconheceu na 6ª-feira(17/1/2014) que se considera, ele mesmo, membro da al-Qaeda, reconhecimento que corta qualquer esperança “ocidental” de que a nova Frente Islâmica seria eficaz para conter a influência crescente de outros grupos afiliados da al-Qaeda na Síria.

Abu Khaled al Suri, figura de destaque no grupo rebelde Ahrar al Sham, fez aquela declaração em postado por Internet […] …

Ahrar al Sham é um dos grupos militarmente mais efetivos dentre os que lutam para derrubar o regime do presidente Bashar Assad e está entre os maiores grupos que integram a Frente Islâmica, coalizão de grupos rebeldes que anunciou a própria constituição em setembro, para opor-se ao Supremo Conselho Militar apoiado pelos EUA. O líder do grupo Ahrar al Sham, Hassan Aboud, é o chefe político da Frente Islâmica.

Esses grupos afiliados da al-Qaeda, ISIS, Jabhat al-Nusra e Ahrar al Sham, já existiam, todos eles, antes do início da “revolução” na Síria, e todos já se estavam preparando para lutar contra o governo sírio.

Será que Kerry pensa que o presidente Assad da Síria criou tudo isso antes de os EUA começarem a estimular a campanha contra ele?

Quando os militares norte-americanos retiraram-se do Vietnã e, agora, do Afeganistão, também estavam “deliberadamente cedendo algum território”, para que os EUA pudessem pôr-se a dizer que “são de algum modo, os protetores”? Que absoluta loucura!

Depois das conversas entre os EUA e a Frente Islâmica, conduzidas pelo grupo Ahrar al Sham, afiliado confesso da al-Qaeda, o Ahrar al Sham, como outros grupos rebeldes, aceitaram, como agora se diz, participar de conversações com o governo sírio em Genebra. Ali, Kerry representa o lado anti-Assad. Ora! Quem está, de fato, cooperando com a al-Qaeda?!

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