Chanceleres da Síria e Armênia em coletiva de imprensa em Damasco

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rueda de prensa de al-Moallem con Nalbadyan

Principais trechos da coletiva de imprensa concedida pelo Exmo. Sr. Walid Al Moallem, Vice Primeiro Ministro e Ministro das Relações Exteriores da República Árabe da Síria e pelo Exmo. Senhor Edward Nalbandian, Ministro das Relações Exteriores da Armênia, por ocasião da visita do ministro armênio à Síria, em 27/05/2015.

O Senhor Edward Nalbandian expressou sua satisfação pela reunião realizada com o Presidente Bashar Al Assad e agradeceu ao Sr. Walid Al Moallem pela hospitalidade e calorosa recepção durante sua visita à Siria e disse que esta visita tem um significado simbólico, visto que ocorre no momento em que os armênios relembram os 100 anos do massacre perpetrado pelo império otomano e que resultou no assassinato de um 1,5 milhão de armênios. Nalbandian disse que o deserto da Síria foi o refúgio dos sobreviventes deste massacre e o povo sírio, que estendeu as mãos aos armênios sobreviventes, os fez sentir que a Síria não era apenas o seu refúgio e sim a sua segunda pátria.

Ele acrescentou que a impunidade gera novos crimes e que a prova disso são os crimes cometidos pelos terroristas hoje em dia. E acrescentou: “Nós estamos assistindo a novas barbaridades e selvagerias que levaram milhões de sírios, dentre os quais milhares de armênios, para o caminho do refúgio. Nem a Igreja dos Santos Mártires Armênios, situada em Deir Al Zour e que era considerada um local sagrado de peregrinação para todos os armênios, foi poupada pelos extremistas selvagens. Isto cria um elo de ligação entre os dois crimes contra a humanidade, no passado e no presente. A situação dos civis na Síria, dentre os quais estão os armênios e outras minorias, é uma situação que requer uma atenção constante de nossa parte e, neste sentido, expressamos às autoridades sírias o nosso contentamento pelo tratamento zeloso com as minorias armênias e com o patrimônio cultural armênio”.

O Senhor Walid Al Moallem agradeceu a visita do Chanceler armênio e disse que se a comunidade internacional tivesse adotado a punição necessária aos assassinos que perpetraram o massacre contra os armênios, no início do século passado, os netos deles, na Turquia, não teriam repetido os massacres que ocorrem hoje na Síria, perpetradas pelas mãos de seus instrumentos. A pergunta é: O que a comunidade internacional fará com estes novos assassinos?

Quanto à declaração do chanceler francês de que ‘a Síria e o Iraque estão ameaçados e que uma ação em nível internacional se faz necessário para conter o que está acontecendo’, Moallem disse: “Que Deus nos livre dele! Pois o que estamos assistindo, hoje na Síria, é o resultado do conluio dele com os aliados que apoiaram o terrorismo. Se ele estiver, de fato, preocupado com a Síria então que cesse, ele e seus aliados, com as conspirações. A França é membro permanente do Conselho de Segurança e o que foi que ela fez para cumprir com as três resoluções, sob o sétimo capítulo, relativas ao combate ao terrorismo? Ela fez algo para cumprir estas resoluções?”.

Perguntado sobre o incessante apoio iraniano e russo à Síria e sobre o questionamento nos meios populares, principalmente depois do avanço terrorista sobre algumas áreas, se este apoio não deveria incluir um maior apoio militar e de inteligência, Moallem confirmou que existe este questionamento por parte da opinião pública e acrescentou: “Como Ministro das Relações Exteriores, posso afirmar que as relações entre a Síria, a Federação Russa e a República Islâmica do Irã são muito mais profundas do que alguns imaginam. Elas nunca deixaram de oferecer todo o apoio de que a Síria precisa para que possamos resistir. Mas eu digo que esta conspiração contra a Síria é diária, rápida e todos vocês viram o que aconteceu em Palmira e em Jisr El Shoghor, em termos de infiltração (de terroristas) através das fronteiras com a Turquia. Eu sempre faço a mesma pergunta: De onde vem o armamento e a munição do ISIS? Onde e como eles tratam os seus feridos? O apoio dos que conspiram contra a Síria à estes (terroristas) é claro, assim como é claro o apoio dos nossos amigos ao povo sírio. Em todo caso, as pessoas, tanto se estiverem Washington, Moscou, Pequim ou Damasco, não precisam fazer qualquer esforço para responder à seguinte pergunta: Qual é a alternativa ao Estado sírio? Quem, em sã consciência, apoiaria a chegada do ISIS ou da Jabhat Al Nusra ao poder na Síria? Se alguém apoia isso, com certeza é uma pessoa transtornada e cheia de ódio. Se você observar, perceberá que há no ocidente uma mudança de posição em relação ao Estado sírio. Mas quem conspira contra a Síria, segue no mesmo ritmo e eu estou me referindo à Arábia Saudita, à Jordânia, ao Qatar e à Turquia. São estes países que hoje conspiram contra a Síria e seguem avançando em suas conspirações”.

Questionado sobre as declarações do Vice Primeiro Ministro turco de que a Síria está dividida em 10 microestados e que esta divisão já é uma realidade na Síria, Moallem disse que não ouviu estas declarações, mas “caso ele as tenha feito, digo à ele que a Síria não é propriedade de qualquer um. Ela é propriedade do povo sírio, que defende a sua unidade. Ele que cuide da unidade da Turquia”. Quanto à aliança internacional, o Chanceler disse: “Todos sabem que o ISIS se movimentou no deserto e não numa floresta. Um deserto à céu aberto do oeste ao norte e do norte ao sul. Nós não contamos, em momento algum, com os ataques dos aliados. Estes aliados estiveram muito ativos na batalha de Ein Al Arab para que a cidade não caísse nas mãos do ISIS e isso é bom. Mas depois disso, o papel dos aliados se dissipou e houve uma aliança secreta entre eles e o ISIS. O que aconteceu em Palmira já tinha se repetido em Anbar. Seja qual for a situação, nós não contamos com os aliados e aqueles que contam com eles estão iludidos. Quanto à uma ação coordenada entre a Síria e o Iraque, nós acreditamos que estamos enfrentando um inimigo comum e acreditamos que nós e nossos irmãos em Bagdá estamos na mesma trincheira, mas a coordenação existente entre nós ainda não está de acordo com o nível do perigo que enfrentamos”.

Sobre as conversações entre o Irã e a Comunidade Internacional, representadas pelo grupo 1+5, Moallem disse: “Nós apoiamos este acordo já que atende aos interesses do povo iraniano irmão e esperamos uma maior atuação do Irã no cenário internacional após o fim destas negociações”.

Enviada pela Embaixada Síria em Brasília

Tradução: Jihan Arar

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