Cenários de um verão mediterrâneo

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Por Assad Frangieh.

No encontro dos G8 na Irlanda, o Presidente Putin surpreendeu o agrupamento ocidental que comanda a guerra contra a Síria com posições sólidas e argumentos estratégicos produzidos pela realidade do campo de batalha. O Presidente russo deixou claro que o Presidente sírio não luta contra seu Povo, mas contra grupos terroristas ligados a Al-Qaeda. Desmoralizou a alegação de uso de armas químicas pelo Governo Sírio ao citar a origem do material usado, a captura de um grupo de Alqaeda com dois kilogramas de gás sarin na Turquia e deixou suas fontes de inteligência publicar os nomes dos oficiais do Qatar envolvidos com a entrega do gás aos terroristas em Aleppo. São eles o capitão Fahd Said Al-Hajari e o tenente Faleh Ben Khaled Al-Tamimi, ambos assassinados em seguida na Somália num carro bomba. Não menos, o Presidente russo ridicularizou o premiê Cameroon ao perguntar se o envio de armas seria aos canibais da oposição síria. Não poupou também o presidente francês ao questionar a ação dúbia em apoiar Al Qaeda na Síria e combatê-los no Mali, já que sabidamente o Qatar enviou fundamentalistas da Jubhet Al Nousra para respaldar a ação dos terroristas locais no deserto argelino do Sahara.

Na Ásia, a eleição de Rouhani no primeiro turno de um pleito com participação de mais de 70% dos eleitores iranianos, descarta qualquer modelo ocidental de “Primavera Iraniana”. As manifestações na Turquia mostram que o país encontra-se dividido profundamente entre os laicos inspirados em Ataturk e a irmandade muçulmana do novo Sultão Otomano Erdogan. Um pouco mais ao sul, a outra primavera da Irmandade egípcia está mais para uma bucha de canhão do que para um exemplo a ser consolidado.

Para piorar o quadro dos “mui amigos da Síria”, a situação está se complicando na Arábia Saudita e mais um já está preparando suas malas: o Emir do Qatar. Os acontecimentos têm se rolando rapidamente. Não apenas os membros da violenta oposição síria que não conseguem se entender. Os próprios mandantes do crime não se entendem mais. A Alemanha não quer saber de envio de armas e o presidente Obama sabe que não comanda mais a Guerra contra a Síria sozinho e que seu principal comandante francês tornou-se um chefe rebelde.

Neste momento de avalanche de acontecimentos, a perda do cenário político desejado pelo presidente Obama e as posições firmes do Presidente Putin deixam as possibilidades de um cenário de guerra como uma alternativa desesperada à aliança norte americana – israelense e árabe contra o eixo resistente.

As grandes guerras no Oriente Médio aconteceram no verão mediterrâneo. Será que isso será repetido de novo?

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