Cartão vermelho na cúpula dos países do Golfo

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Por Assad Frangieh.

A principal meta da Arábia Saudita durante a cúpula do Conselho de Cooperação do Golfo realizada há poucos dias no Kuwait, não foi alcançada. A sugestão de transformar a Cooperação em Estado Unificado foi recusada, antes mesmo da reunião, pelo Sultanato de Omã, importante intermediário entre os Estados Unidos e o Irã. O Sultanato é a monarquia que se mantém mais distante em se envolver nos temas polêmicos entre os quais o Programa Nuclear do Irã e a Guerra na Síria. A sugestão que previa a ampliação das forças armadas “Escudo da Península” acabou se limitando a formar um comando militar unificado e uma academia militar para estudos estratégicos do Golfo.

O Conselho de Cooperação do Golfo fundado em 1981 avançou pouco nas questões de integração monetária, alfandegária, social ou em qualquer um de seus comitês elaborados nos moldes da Comunidade Europeia. Quando se trata da esfera política, todos os seis países do CCG (Arábia Saudita, Emirados Unidos, Qatar, Kuwait, Omã e o Bahrein) orbitam no campo dos Estados Unidos. As monarquias Marroquina e Jordaniana recebem constante promessa de integrá-lo, assim como o Yemen e o Iraque que fazem partes dos comitês esportivos, de saúde e cultural. Desde sua formação, a Arábia Saudita possui o peso maior em razão de suas dimensões territoriais, populacionais e sua riqueza em petrodólares. Parece que seu histórico não representar mais um credenciamento para o exercício da liderança.

Há profundas divergências ideológicas entre o Qatar e a Arábia Saudita. Na consequência, há divergências nas políticas externas que vieram à tona na Líbia, no Egito e na Síria. Sem contar a concorrência econômica nos mercados e investimentos internacionais. O mesmo se aplica no Kuwait. No Bahrein, a Arábia Saudita sustenta o primeiro ministro contra a vontade do príncipe herdeiro que se demonstra mais liberal e conciliador com as massas populares. Os Emirados Unidos são declaradamente os principais inimigos da Irmandade Muçulmana e dos movimentos wahabistas. Para os setes emirados que trabalham para transformar Dubai o principal portal asiático e o elo com os países da Europa e das Américas, é fácil entender porque não dá para ficar na aba do Governo de Riad.

O Sultanato de Omã passou uma mensagem clara aos monarcas sauditas. Não haverá união, apenas cooperação. Ninguém elevará o tom das ameaças contra o Irã, já está na hora de se retirar da Síria e talvez o momento de abrir o caminho para as novas gerações da Monarquia. Certamente com a benção dos Estados Unidos.

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Os países do CCG não podem contrariar a política de aproximação dos Estados Unidos e da Rússia. Para quem olha de longe, percebe claro o centro, as órbitas e os satélites. Parece que a Arábia Saudita está saindo pela tangente. Mesmo passando por Tel Aviv, vai acabar no espaço.

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