‘Caminho de vida para Aleppo’: primeira reportagem da cidade síria sitiada

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O correspondente da RIA Novosti foi um dos primeiros jornalistas estrangeiros a chegar a Aleppo após o chamado ‘caminho da vida’ na cidade ter sido aberto, visitando as posições na parte sudoeste da linha de frente acompanhado por tropas especiais do Exército Sírio.

 

Fonte: Sputnik News

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© Sputnik/ Ilya Pitalev

 Parada noturna não planejada

O exército e destacamentos da milícia bloquearam os jihadistas em bairros do leste e sudeste da cidade. No entanto, houve também relatos alegando que os extremistas tinham conseguido cortar todas as linhas de comunicação entre a cidade e o resto da Síria por três dias, sujeitando a estrada principal de Aleppo a fogo constante.

A nossa coluna parou em um posto de controle, perto do Aeroporto Internacional de Aleppo. Um oficial disse ao comandante do nosso grupo que hoje seria impossível entrar na cidade. Não havia nenhuma discussão possível. Nós estacionámos os carros e inspecionámos nossos alojamentos para a noite.

A cidade de Aleppo

© Sputnik/ Mikhail Voskresensky

O exército e destacamentos da milícia bloquearam os jihadistas em bairros do leste e sudeste da cidade. No entanto, houve também relatos alegando que os extremistas tinham conseguido cortar todas as linhas de comunicação entre a cidade e o resto da Síria por três dias, sujeitando a estrada principal de Aleppo a fogo constante.

A nossa coluna parou em um posto de controle, perto do Aeroporto Internacional de Aleppo. Um oficial disse ao comandante do nosso grupo que hoje seria impossível entrar na cidade. Não havia nenhuma discussão possível. Nós estacionámos os carros e inspecionámos nossos alojamentos para a noite.

Síria. Soldados do Exército Sírio na linha de frente no sul de Aleppo

© Sputnik/ Michael Alaeddin Síria. Soldados do Exército Sírio na linha de frente no sul de Aleppo

Desvio

Partimos de madrugada. Continuámos nosso caminho depois de alguma preparação rápida. Vários soldados viajavam em cada jipe, cientes de que na viagem poderia haver problemas a qualquer momento.

Depois de passado algum tempo nos arredores da cidade, a nossa coluna chegou a um impasse. O comandante ficou irritado com o guia que já se perdeu por duas vezes.

“Nós vamos ter que esperar até um guia mais experiente vir da cidade. Tivemos sorte por duas vezes, não vamos abusar da sorte pela terceira vez. Não estamos longe do inimigo e uma curva errada poderá nos custar nossas vidas”, advertiu o coronel.

Síria. Um edifício no bairro de Salahuddin, no sul Aleppo

Síria. Um edifício no bairro de Salahuddin, no sul Aleppo © Sputnik/ Michael Alaeddin

Frente do sudoeste

No início de agosto, os líderes de 15 grupos de combatentes criaram uma aliança e anunciaram uma operação em larga escala para tentar romper o cerco de Aleppo. Até 8.000 combatentes de províncias vizinhas foram mobilizados para Aleppo sob a liderança da Jabhat Fatah al Sham (anteriormente conhecida como grupo terrorista Frente al-Nusra).

Bairro de Aleppo, Síria

© Sputnik/ Ilya Pitalev

 “Àqueles que são considerados como moderados pelo Ocidente, se juntou há muito tempo a al-Nusra. Eles usam homens-bomba suicidas, carros-bomba e até foguetes com algum tipo de gás venenoso. Eles estão fazendo o seu melhor para tentar furar o bloqueio nos bairros orientais”, disse o coronel.

O exército sírio conseguiu repelir quatro ataques em grande escala dos combatentes nos últimos dez dias. Mais de 2.000 jihadistas foram abatidos e centenas de unidades de material destruídos, de acordo com dados da inteligência militar.

Um soldado do exército sírio na linha de frente perto da escola de logística militar no sul de Aleppo

© Sputnik/ Michael Alaeddin- Um soldado do exército sírio na linha de frente perto da escola de logística militar no sul de Aleppo

 Várias unidades de elite do governo, lideradas pelos oficiais mais experientes, foram colocadas na área para conduzir operações de combate. As tropas governamentais sírias deverão lançar um contra-ataque pela manhã.

Batalha por Aleppo se transforma em uma ‘corrida por reforços’

O destino da Síria “está sendo definido em tempo real”.

As forças de Damasco, apoiadas por aviões russos e seus aliados locais, estão se esforçando para libertar Aleppo, informa o jornal russo Vzglyad.

A edição ressalta que os recentes combates pela segunda maior cidade síria têm se transformado em uma verdadeira ‘corrida por reforços’.

Vzglyad indica que o exército sírio e seus apoiantes só serão capazes de libertar Aleppo quando as reservas (munições e baterias de rádio) dos terroristas  barrados na cidade se esgotarem.

Os combates ainda continuam, e as forças governamentais, junto com a milícia popular síria, atacam as posições dos terroristas

© Sputnik/ Mikhail Voskresenskiy

Segundo o jornal russo, os militantes têm estado em Aleppo ‘em condições confortáveis’ por cerca de três anos, preparando a defesa.

Nenhum perito pode prever quando isso acontecerá. “Mesmo a Agência Central de Inteligência (CIA) não tem noção sobre quantos recursos [grupos radicais combatendo em Aleppo] têm, especialmente quando muitos deles afirmavam ser democratas e liberais”, indica o jornal.

Parece que a batalha por Aleppo será demorada e cruel. No final de julho as tropas do governo sírio sitiaram as áreas tomadas por rebeldes após uma operação prolongada, mas, no sábado, grupos de militantes estabeleceram um corredor durante uma ofensiva perto da academia militar, situada no bairro de al-Ramousiyeh.

“O corredor é estreito e inútil no momento. Ninguém pode usá-lo. Ataques de artilharia, lançamentos de mísseis e bombardeios intensos por caças russos e sírios 24 horas por dia deixam os grupos terroristas sem chance de enviar armas, munições e equipamento médico aos bairros de Aleppo tomados por militantes”, informam fontes não reveladas.

Segundo recentes informações, o corredor militar foi fechado, pois o Exército de Conquista (Jaish al-Fatah) se mostra incapaz de reforçar suas posições.

Edifícios de argila na cidade de Aleppo, Síria (foto de arquivo)

© Sputnik/ Mikhail Voskresensky

 O jornal Vzglyad indica que a ofensiva militar foi parada, mas ao mesmo tempo ressalta que ainda é cedo para constatar a vitória exército sírio.A dificuldade é que as forças de Damasco não possuem caças suficientes para chegarem mais perto das áreas controladas pelos rebeldes.

É por essa razão que a edição russa chamou essa nova etapa militar de ‘corrida por reforços’. O Vzglyad escreve que os eventos dos próximos dias mostrarão se o exército sírio será ou não capaz de ultrapassar esse desafio.

Fonte Sputnik

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