Analista conta como poderá ser operação em Idlib que vai por fim à guerra síria

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Em meio à última fase da guerra contra o terrorismo na Síria, as tensões crescem entre o governo de Assad, prestes a recuperar seu país, e os países ocidentais que têm apoiado a oposição armada. A Sputnik consultou um especialista para discutir como poderá ser a libertação de Idlib.

Na opinião de Kevork Almassian, jornalista, especialista em assuntos sírios e fundador do portal analítico Syriana Analysis, os países ocidentais “vão empreender esforços para retardar o avanço do exército sírio em Idlib”, inclusive recorrendo a ataques contra alvos militares no país.

A cidade síria de Idlib

“Idlib é o último enclave terrorista, controlado maioritariamente pelo agrupamento Tahrir al-Sham (seu núcleo é constituído pela ex-Frente al-Nusra). Espera-se que o exército sírio comece sua operação a partir de vários pontos, inclusive dos territórios das províncias de Aleppo, Hama e Lataquia. Esta operação militar vai afetar sobretudo os fantoches de alguns países ocidentais. Ao longo de muito tempo, eles têm alocado dinheiro nos grupos islamistas armados, como o Tahrir al-Sham, Ahrar al-Sham e muitos outros”, disse o especialista à Sputnik Mundo.De acordo com ele, para além dos grupos armados, no território da província também agem diferentes organizações, tais como, por exemplo, as entidades não governamentais criadas pelos britânicos, norte-americanos e outros governos do Ocidente.

“Em Idlib foi criado um Estado dentro de um Estado. Hoje em dia, o governo da Síria tenta estabelecer sua soberania neste território, o que corresponde completamente ao direito internacional e à Constituição síria”, observou o analista.

Segundo ele, hoje em dia o governo sírio passou a ter fontes de informação nos níveis mais altos dos agrupamentos armados, bem como em tais organizações como os Capacetes Brancos. Deste modo, as autoridades recebem informações sobre possíveis ataques químicos encenados e deslocações de substâncias tóxicas. Estes ataques fictícios, segundo sublinha o entrevistado, visam acusar o governo de Assad e justificar consequentes ataques da coalizão internacional.

Quanto à participação da Turquia no conflito sírio, observa o analista, a posição de Ancara não é sempre a mesma, tem mudado. Em alguns casos, Erdogan até afirma que o avanço contra Idlib é inaceitável, é uma “linha vermelha” que não se pode cruzar, cita Almassian.

“É amplamente conhecido que Ancara dispõe de numerosos postos militares, bem como numerosos agrupamentos armados no território desta província. Ao mesmo tempo, a questão de saber se é possível uma confrontação direta entre as tropas turcas e sírias vai depender das negociações e interação entre os militares russos e turcos”, opina ele.

Ainda de acordo com o analista, as tropas turcas provavelmente vão sair do sul de Idlib antes do começo da operação militar das tropas sírias e se deslocarão em direção ao norte da província para ficar lá até o fim da campanha.

“Na época em que as relações entre Ancara e Washington eram boas, a parte turca desempenhou um papel decisivo no apoio dos agrupamentos terroristas na Síria. Mas agora a Turquia se deparou com sérios problemas econômicos, enquanto suas relações com os EUA estão em declínio. Atualmente, Ancara está fazendo um giro de 180 graus para a Rússia”, acredita Almassian.

Em opinião dele, a operação em Idlib provavelmente durará até o Ano Novo, enquanto o número das vítimas “dependerá da prontidão dos grupos armados de Idlib de cooperar com o governo sírio”. Assim, diz o especialista, se a parte adversária usar a população civil como um escudo humano, o número de vítimas pode chegar até milhares de pessoas.

O analista adiantou ainda que, nesse contexto, o problema curdo é uma questão à parte. Provavelmente, diz ele, Damasco não chegará a conceder autonomia e a organizar uma federação para os curdos, mas pode ser que estes recebam mais representação no parlamento e nas pastas nos ministérios.

“Logo que Idlib seja libertada e Damasco chegue a um acordo com os curdos, não haverá nenhuma necessidade de qualquer força militar estrangeira no território da Síria, excluindo as tropas russas que estarão nesse país ao longo de 49 anos, em concordância com o acordo celebrado entre Moscou e Damasco em 2017”, concluiu.

Fonte Sputnik

Publicado em 08/09/2018

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