Acordo de passe livre para o ISIS em Raqqa – EUA negam -– Vídeo prova que EUA mentem

Share Button

 

14/10/2017, Moon of Alabama

Traduzido por Vila Vudu

Depois das suas negociações sobre passe livre, com EUA e suas forças ‘delegadas’ locais curdas, o ISIS está transferindo seus milicianos, retirando-os da cidade de Raqqa. Quando o governo sírio obteve acordos semelhantes, os EUA criticaram infantilmente. Hoje, a ‘coalizão’ dos EUA diz que “não se envolveu nas discussões” que levaram ao acordo para passe livre para os terroristas em Raqqa. Matéria da rede BBC News mostra que a verdade é o contrário do que dizem os EUA.

Ao longo dos dois últimos anos, os EUA e seus agentes ‘delegados’ locais curdos na Síria fizeram vários acordos com os terroristas do ‘Estado Islâmico’. Em 2016, por exemplo, negociaram com combatentes do ‘Estado Islâmico’ para que trocassem Manbij pela fronteira turca, para evitarem mais baixas na luta pela cidade.

Mas quando em agosto de 2017 o Hizbullah e os governos do Líbano e da Síria firmaram um acordo com cerca de 300 terroristas do ISIS e famílias sitiados na fronteira Líbano-Síria, os EUA protestaram estridentemente. Os militares norte-americanos bloquearam e ameaçaram bombardear um comboio que fazia a evacuação de terroristas que se renderam e famílias durante vários dias, e o enviado dos EUA, McGurk vociferou contra a evacuação:

7:20 AM – 30/8/2017 – Brett McGurk @brett_mcgurk
Não há conciliação possível com terroristas do ISIS. Têm de ser mortos no campo de combate, não levados de ônibus pela Síria até a fronteira do Iraque, sem consentimento do Iraque ½
Nossa coalizão tratará de impedir que esses terroristas jamais entrem no Iraque ou escapem do que resta de seu decadente “califato” 2/2

Ao longo dos últimos meses milícias curdas combatendo como ‘delegadas’ dos EUA sitiaram Raqqa e combateram para retomá-la do ISIS. Foram deflagradas quantidade imensa de bombas norte-americanas, para reduzir o número de baixas entre as forças ‘representantes’ locais dos EUA. A cidade foi literalmente “destruída para ser salva”. Muito habitantes civis foram mortos. Nos últimos dias circularam incontáveis rumores de que havia um acordo entre EUA e ISIS. Por esse acordo, os terroristas do ISIS ganhariam passe livre quando deixassem a cidade. Hoje, esses rumores foram confirmados:

[SOHR] recebeu informação de fontes confiáveis independentes que confirmam a existência de um acordo entre a Coalizão Internacional e as [ditas] Forças Democráticas Sírias de um lado, e a organização “Estado Islâmico” de outro; esse acordo garante a saída dos membros da organização “Estado Islâmico” que ainda estejam na cidade de Al-Raqqah.

O Observatório Sírio de Direitos Humanos confirma que esse acordo foi firmado e que todos os sírios já saíram, e que se ainda alguns permanecem é que são de nacionalidades não síria, que a inteligência francesa não quer permitir que saiam de Al-Raqqah, onde a inteligência francesa crê que ainda estejam alguns dos envolvidos no ataque em Paris (…)

Outras fontes dizem que chegaram ônibus para conduzir os terroristas do ISIS que partem para a área da fronteira sírio-iraquiana. Funcionários locais dizem que terroristas estrangeiros que lutavam no ISIS também estão partindo. A coalizão dos EUA em termos gerais confirma a evacuação, mas nega ter qualquer envolvimento na manobra:

Um comboio de veículos está previsto para partir de Raqqah dia 14 de outubro, por arranjo negociado dia 12 de outubro entre o Conselho Civil de Raqqah e anciãos tribais locais.



A Coalizão não participou nas discussões
que levaram àquele arranjo, mas acredita que salvará vidas inocentes e permitirá que as Forças Democráticas Sírias e a Coalizão concentrem-se em derrotar terroristas do Daech em Raqqah com menor risco de baixas entre os civis.

A hipocrisia fede. Acordo feito pelo Hezbollah com terroristas sitiados do ISIS e famílias foi condenado com fúria. A evacuação permaneceu bloqueada no deserto durante dias por aviões e drones armados dos EUA.

Agora, EUA e aliados fazem acordo semelhante, para dar fuga ao ISIS da posição em que estava sob sítio. Os terroristas são levados de ônibus rumo à fronteira sírio-iraquiana onde forças legais sírias estão engajadas em duras batalhas contra o ISIS.

Depois disso, o que mais virá? O CENTCOM garantirá transporte aéreo para os terroristas do ISIS diretamente até a fronteira com Israel? Ali, o ISIS está livre para treinar abertamente quaisquer novas forças terroristas. A área é preservada contra ataques sírios e russos. A força aérea de Israel mantém à distância qualquer um que possa criar qualquer problema para o ISIS.

Os EUA dizem que “a coalizão não participou nas discussões”. É mentira. Há apenas dois dias, a BBC News noticiava a reunião em que o acordo foi discutido e firmado.  Nesse vídeo vê-se o general Jim Glynn em reunião dia 12 de outubro com funcionários em Raqqa, para negociar o acordo. O general disse na ocasião que nada fora resolvido, mas notícias posteriores e o que hoje se vê mostram o que realmente aconteceu. Comboios do ISIS estão saindo de Raqqa e EUA e aliados estão sentados à beira da estrada assistindo a partida, sem se mover. Nenhum avião ou drone armado dos EUA bloqueia o comboio e nenhum Brett McGurk foi visto no Twitter, enfurecido contra o acordo.

A crítica que os militares dos EUA fizeram ao acordo negociado em agosto pelo Hezbollah nada teve de profissional. Bloquear o primeiro comboio de terroristas e famílias evacuados foi comportamento infantiloide. O ‘protesto’ de McGurk foi ridículo, pueril. Mentir hoje sobre envolvimento no acordo, depois de ter convocado a BBC para filmar as negociações, é estupidez monstro. Parece que não há adultos nas levas de norte-americanos que o Pentágono enviou para trabalhar pelos EUA no conflito sírio.

Share Button

Deixar um comentário

  

  

  

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.