73 anos de holocausto na Palestina

Share Button

FEPAL

Federação Árabe Palestina do Brasil

Pode ser uma imagem de uma ou mais pessoas

Carta desde a diáspora brasileira ao povo palestino que resiste

 

Povo Palestino,

irmãos e irmãs que combatem na sagrada e muitas vezes milenar Palestina, em todos os seus rincões, da santa Jerusalém à também santa Nazaré, de Belém da Boa Nova do Nascimento de Jesus Cristo a Jericó, a cidade mais antiga do mundo, da Galileia a Gaza, que lutam, ainda que sob escombros e cadáveres, em cada polegada desta Terra Santa: cá estamos, pelo 73º ano consecutivo, lembrando da Nakba, a catástrofe que nos acometeu a partir de 15 de maio de 1948 e que jamais cessou, conforme o comprovam os acontecimentos destes dias, de mais destruição, de mais expulsões, de mais inocentes assassinados pela sanguinária máquina de guerra dos estrangeiros sionistas, denominados israelenses desde que se autoproclamaram “estado” nas terras que nos roubaram.

Nos dirigimos a vós a partir do exílio, talvez a forma mais perversa, dramática e dolorida de existência humana. Vivemos na diáspora, em exílio, porque houve um dia infame, a 73 anos atrás, 15 de maio, no qual os estrangeiros euro-judeus promoveram a tomada da Palestina e nela praticaram hediondos crimes de guerra e de lesa humanidade, de matança e de expulsão massiva de nosso povo, ação planejada de LIMPEZA ÉTNICA.

Mas o que estes estrangeiros e seus aliados não contavam é que a Palestina não desapareceria. Não acreditavam que haveria resistência, luta nacional, na Palestina ocupada, nos campos de refugiados, nos exílios, como nesta diáspora árabe palestino-brasileira, em que as comunidades, lideradas pela Federação Árabe Palestina do Brasil, se organizaram para defender a Palestina e seu povo todos os dias.

Sim, acordamos e dormimos com a Palestina em nossos corações, em nossas mentes e almas, frustrando, assim, o grande sonho sionista, segundo o qual os velhos (seus pais), aqueles faxinados etnicamente da Palestina em 1948, morreriam, e que os que viriam, os seus filhos, muitos dos quais somos nós, ou já nossos filhos, netos e bisnetos, esqueceriam. Ocorre que lembramos todos os dias de quem somos e por isso lutamos pela Palestina Livre, com Jerusalém sua capital. Não só não esquecemos, como jamais esqueceremos!

Tornamos, assim, o macabro sonho sionista em seu pesadelo diário, que para eles também já dura 73 anos. Neste tempo desnudamos ao mundo o sionismo e sua criatura estatal, Israel, e hoje todos sabem de seus crimes de genocídio, de limpeza étnica e do vergonhoso regime de apartheid que impõem ao povo palestino.

Saibam que a partir deste exílio sofremos seus sofrimentos. E que lutamos, é verdade, mas que, também, humildemente reconhecemos que nossa luta aqui não se compara à vossa. Aqui não há cadáveres, nem seus sangues a encharcar a terra sagrada da Palestina, misturados às infinitas lágrimas daqueles e daquelas que pranteiam seus mártires. Aqui não há escombros das casas demolidas, dos hospitais e escolas bombardeadas, das igrejas e mesquitas incendiadas. Aqui também não há olivais milenares arrasados, como não há lutos intermináveis. Nem há, aqui, o medo diário de sair de casa e não retornar. Não há, neste exílio, diante de nós, a fúria assassina de Israel, nem seu regime obsceno de apartheid.

Entretanto, estejam certos que neste exílio sofremos seus sofrimentos, pois seguimos palestinos, apenas em diáspora. E neste exílio lutamos a luta que nos é possível por uma Palestina Livre, que tenha Jerusalém sua capital, para a qual retornem seus refugiados, na qual estejam livres todos os aprisionados pela ocupação, cujo único “crime” alegado foi o de resistir à opressão. Uma Palestina soberana na qual possamos honrar, todos os dias, nossos mártires.

Acompanhamos agora a bravura de cada homem, de cada mulher, de cada jovem que, apenas com o próprio corpo e com pedras nas mãos, enfrentam os invasores e sua máquina de guerra. Nestes poucos dias já os contamos às centenas de mortos, feridos e mutilados. Destruição e morte na Palestina é o que o mundo e nós testemunhamos.

Os louvamos desde esta contrita diáspora. Os apoiamos daqui. Os temos como exemplos de coragem e honradez, qualidades que só os melhores patriotas, os que têm a verdade e a justiça impregnadas em sua causa, podem estampar à humanidade em choque. Vocês nos orgulham todos os dias e por isso nos esforçamos para estarmos às suas alturas, à altura de suas santificadas dignidades, ainda que numa fração apenas de seus feitos heróicos, já históricos como poucos em todos os tempos.

Já se disse que houve um dia em que os palestinos lutavam como heróis e isso nos fazia orgulhosos. Pois eis que hoje o mundo já diz que são os heróis que lutam como os palestinos. Respeitamos todos os povos que lutaram e que lutam, como nós, contra a opressão, mas orgulhosamente nos perguntamos: que outro caso há na história de povo no qual se espelham até mesmo os heróis?

Enfim, seguiremos lutando juntos, e por tantos anos quantos sejam necessários, ainda que sejam mais 73 anos, ainda que sejam de mais e mais nakbas, até que a Palestina seja livre.

Com devotada admiração, de seus irmãos em exílio no Brasil.

Palestina Livre a partir do Brasil, 15 de maio de 2021, 73º ano da Nakba.

UALID RABAH

Presidente

Share Button

Deixar um comentário

  

  

  

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.