Por Thierry Meyssan
As operações « Leão que se Levanta » e « Martelo da Meia-Noite » foram demonstrações de força mobilizando meios consideráveis. Elas não duraram no total mais de 12 dias. Ignora-se quais foram seus resultados, mas aprendemos mais sobre aqueles que as planejaram. A Agência Internacional de Energia Atômica, que se apoiou em um software de IA mais do que nas observações de seus inspetores, está agora desacreditada. As destruições cometidas sobre os sítios de pesquisa nuclear iranianos devem ser avaliadas com cautela. Apenas os assassinatos de líderes militares e cientistas civis são definitivos.
Rede Voltaire | Paris (França) | 1 de julho de 2025

Até o momento, as únicas consequências estabelecidas das operações « Leão que se Levanta » e « Martelo da Meia-Noite » são a colocação em causa da seriedade e da imparcialidade da AIEA. O Parlamento iraniano acaba de pedir ao seu governo que pare toda a cooperação com essa organização que agora considera como agência de espionagem.
Vários elementos da « Guerra dos 12 Dias » permanecem inexplicados, o que não impede que todos os atores principais (Israel, Estados Unidos e Irã) pretendam tê-la vencido. Acima de tudo, surgem as questões sobre elementos fundamentais que não permitem estabelecer, com certeza, se Washington violou deliberadamente o Direito Internacional ou se acreditou ter de o fazer para evitar mal muito pior.
O programa de pesquisa nuclear iraniano
Explicamos largamente, nestas colunas, o conflito à volta das pesquisas nucleares iranianas [1]. Elas começaram em 1981, quando a República islâmica do Irão reivindicou o urânio enriquecido a que tinha direito em virtude do programa nuclear iraniano-francês, proposto pelo Presidente Valéry Giscard d’Estaing e pelo Primeiro-Ministro Jacques Chirac ao Xá Mohammad Reza Pahlevi, no quadro do programa norte-americano «Átomos para a Paz ». Foi nesse contexto, e diante da recusa da França em dar à República islâmica o que havia previsto para o Irã imperial, que atentados das Facções armadas revolucionárias libanesas, ligadas ao Irã, eliminaram diplomatas norte-americanos e israelenses na França.
Esse conflito se desenvolveu a partir da invasão anglo-saxônica do Iraque (2003). Washington e Londres, que haviam inventado a intoxicação das armas de destruição em massa de Saddam Hussein, a prolongaram com a das armas de destruição em massa iranianas. Eles conseguiram fazer com o Conselho de Segurança das Nações Unidas adotasse as Resoluções 1737 (23 de dezembro de 2006) e 1747 (24 de março de 2007), que deviam preparar uma guerra contra o Irã. No entanto, no seguimento do Grupo de estudo sobre o Iraque (Iraq Study Grup), dito «Comissão Baker-Hamilton», essas elucubrações foram abandonadas por Washington e o conflito com a França pode ser resolvido [2] .
O conflito recomeçou logo que o Presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, lançou um vasto programa de pesquisa sobre a fusão nuclear ; um projeto por natureza dual, quer dizer, podendo ter aplicações tanto civis, como militares [3]. Apoiado por uma maioria dos Estados-Membros da ONU, ele recusou então, com razão, a exigência do Conselho de Segurança ao Irão para que alienasse um dos seus direitos a fim de « restaurar a confiança » dos outros em si (Resolução 1696 de 31 de Julho de 2006) ; uma polêmica exemplar da deriva que os Ocidentais impuseram às Nações Unidas graças à dissolução da União Soviética. O Irã, que já havia vivido a derrubada de Mohammad Mossadegh, quando este havia tentado nacionalizar o petróleo iraniano, não pôde deixar de resistir a essa tentativa ocidental de impedi-lo de encontrar uma fonte de energia inesgotável. A polêmica piora quando da adoção, sempre pelo Conselho de Segurança contra a Assembleia Geral, da Resolução 1.929, de 9 de junho de 2010.
Os «sionistas revisionistas» (ou seja, os discípulos do fascista Vladimir Jabotinsky) —não confundir com os «sionistas» “tout court”, quer dizer, com os discípulos de Theodor Hertzl— apoderam-se do assunto. Foram eles quem, quinze anos mais tarde, conseguiram infiltrar a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), da qual Israel não é membro, e influir sobre seu diretor, o Argentino Rafael Grossi [4].
Jean-Noël Barrot e Rafael Grossi

Jean-Noël Barrot e Rafael Grossi
Em 2 de Abril de 2025, Jean-Noël Barrot, Ministro francês dos Negócios Estrangeiros (Relações Exteriores-br), declarava perante a Comissão dos Negócios Estrangeiros da Assembleia Nacional : « Dispomos apenas de alguns meses antes do expirar deste acordo [o JCPOA, do qual os Estados Unidos se retiraram]. Em caso de fracasso, uma confrontação militar parece quase inevitável ». [5] Ele acrescentou que as novas « sanções » da UE dirigidas ao Irã, ligadas à detenção de cidadãos estrangeiros, seriam aprovadas nas semanas seguintes.
Em 28 de abril de 2025, o Conselho de Segurança das Nações Unidas realizou duas sessões a portas fechadas sobre a « Não-proliferação de armas de destruição em massa ». Não sabemos precisamente o que foi dito ali, mas a sessão foi tempestuosa como mostra a publicação, no dia seguinte, de uma carta de protesto da República islâmica do Irã (s/2025/261 [6]). Segundo esse documento, Jean-Noël Barrot, Ministro francês das Relações Exteriores, vindo de Paris especialmente para a ocasião, teria lá alegado que « o Irã [está] à beira de conseguir a arma nuclear ».
Jean-Noël Barrot e seu Ministro delegado para a Europa, Benjamin Haddad, entraram em funções no governo de Michel Barnier e foram reconduzidos ao de François Bayrou. Se o ideário de Jean-Noël Barrot não é bem conhecido, o de seu Ministro delegado é. Benjamin Haddad não é simplesmente um antigo alto funcionário do serviço externo da União Europeia, ele foi também um empregado, durante longos anos, do Tikvah Fund do « sionista revisionista » Elliott Abrams [7]. Foi este quem definiu a estratégia de Benjamin Netanyahu para convencer os europeus a apoiar Israel contra os palestinos [8].
Um mês mais tarde, a AIEA afirmou, nos seus dois relatórios trimestrais sobre a Verificação e controle na República islâmica do Irão à luz da Resolução 2231 (2015) do Conselho de Segurança da ONU [9] e sobre O acordo de garantias TNP com a República islâmica do Irão [10] que Teerão escondia algo. No entanto, esses documentos não se baseavam em observações objetivas, mas nas conclusões do software de inteligência artificial Mosaic. Agora, esse software, projetado para detectar complôs terroristas a partir de uma infinidade de dados, não se limitava simplesmente a analisá-los, mas também apresentava alertas como se fossem certezas. Pela primeira vez, uma IA, projetada para detectar anomalias, foi usada para descrever a realidade. Seguiu-se que as “anomalias” detectadas no Irã foram interpretadas como sendo a preparação de uma bomba atômica. Com essa base grotesca e onerosa, Rafael Grossi alertou, em 12 de junho, o Conselho de Governadores da Agência.
O software Mosaic é uma produção da Palantir Technologies, uma empresa cujos principais clientes são a CIA, o Pentágono, a IDF e a Mossad, mas também a Diretoria Geral de Segurança Interior francesa (DGSI). Ela pertence ao sul-africano-americano-neozelandês Peter Thiel, administrador do Grupo Bilderbeg.
Durante uma sessão particularmente tumultuada, o Conselho de Governadores da AIEA adotou, em 12 de junho, uma resolução [11] segundo a qual « o Diretor-geral, conforme indicado no documento GOV /2025/ 25, não [pode] dar garantias que o programa nuclear do Irã é exclusivamente pacífico ». China e Rússia bem protestaram, em vão, a AIEA apresentou queixa ao Conselho de Segurança das Nações Unidas. A delegação russa na ONU fez circular com urgência uma análise (S/ 2025/ 377) denunciando a duplicidade da Alemanha, França e Reino Unido e sua interpretação falaciosa dos dados da IAEA [12]. À leitura deste documento, fica claro que esses três países não foram enganados por Rafael Grossi, mas sim que tomaram parte na sua encenação.

Apenas radares norte-americanos cobrem o Irã. Para atingir os centros de pesquisa nuclear iranianos, Israel teve que ter acesso aos dados de satélite do Comando das Forças dos EUA no Médio-Oriente Alargado (CentCom).
A operação « Leão que se Levanta »
Sem esperar, Israel estava lançando a Operação «Leão que se Levanta» (Rising Lion). Neste ponto, não é certo que os três países europeus tenham conspirado para abrir a via desta operação. Eles podem apenas ter sido manipulados para apoiá-la. No entanto, os episódios precedentes, como o de junho de 2024 [13],, atestam que esses Estados e seus aliados não cumpriram a obrigação de levantar suas «sanções» contra o Irã, particularmente como signatários do Acordo de Viena (JCPoA). Portanto, a primeira hipótese é a mais provável.

As Nações Unidas revogaram, em 14 de julho de 2023, as sanções tomadas contra o Irã no título do anexo B da Resolução 2231 (2015), em aplicação do Acordo de Viena (JCPoA), mas Alemanha, França e Reino Unido persistem aplicá-las. Elas são agora nada mais que «medidas coercivas unilaterais» e são claramente contrárias ao Direito Internacional. Berlim, Paris e Londres consideram-se como desligados dos seus compromissos assumidos no quadro do JCPoA embora, ao contrário dos Estados Unidos, eles não o tenham denunciado.
Oficialmente, o Presidente norte-americano, Donald Trump, teria, ele também, sido convencido de que o Irã se aprestava para fabricar uma bomba nuclear em quinze dias. Foi, pelo menos, o que ele disse, fechando o bico de sua Diretora Nacional de Inteligência, Tulsi Gabbard, segundo a qual o Irã não tinha nenhum programa nuclear militar [14].
Seja como for, informado pela mesma Tulsi Gabbard da iminência de um ataque atômico israelense ao Irã (« Opção Sansão »), contra seus centros de pesquisa nuclear, o presidente Trump propôs apoiar um ataque clássico israelense ao Irã, mais do que deixá-lo cometer um bombardeio nuclear. A Força Aérea israelita lançou, pois, um ataque maciço aos centros de pesquisa nuclear iranianos, contra o seu sistema de mísseis balísticos e contra vários dos seus dirigentes militares e cientistas nucleares. Tudo isso apoiando-se na Inteligência dos radares norte-americanos do campo de al-Udeid (Catar), já que os radares israelenses não cobrem o Irã.
Segundo a apresentação que Gidéon Sa’ar, Ministro israelita dos Negócios Estrangeiros, realizou para o Conselho de Segurança (S/ 2025/ 390 [15]), Israel afirma ter querido « neutralizar a ameaça existencial e iminente que representam os programas de armas nucleares e de misseis balísticos do Irão ». Ele apoia-se nos debates da AIEA (baseados não nas observações, mas na inteligência artificial do software Mosaic) para afirmar mentirosamente que o Irão não se conforma às suas obrigações em relação à AIEA e « acelerou seus esforços clandestinos para fabricar armas nucleares ». Agora, mesmo supondo que os líderes israelenses tenham acreditado que o Irã teria uma bomba atômica e ia usá-la contra eles, a « Leão que se Levanta » também visou o sistema de mísseis balísticos, vários dos líderes militares e cientistas nucleares. O ataque israelense não visava portanto o objetivo anunciado, mas sim a destruição dos meios de defesa e de pesquisa iranianos.
A questão da violação dos compromissos internacionais de Israel e dos Estados Unidos, quero dizer, do Direito Internacional [16], surge mais uma vez. O representante permanente de Israel nas Nações Unidas, o embaixador Danny Danon, falou de uma guerra « preventiva e presumida ». Assim, Israel teria agido sem ser provocado (preventivamente) e no interesse da comunidade internacional (presunção). Por essa teoria, qualquer um poderia assassinar o vizinho a qualquer momento. Já observamos, antes mesmo da Operação «Espadas de Ferro » em Gaza, que Israel se comporta não levando em conta as vidas humanas dos civis, ou seja, para usar os termos da Conferência de Haia de 1899 (fundação do Direito Internacional), não « como uma nação civilizada, mas sim como bárbaros ». A participação militar dos Estados Unidos, com os radares da base al-Udeid, autoriza formular o mesmo julgamento sobre o comportamento de Washington.

Os países Não-ocidentais também reivindicam seu direito de acesso à Ciência. Israel assassinou civis que realizavam pesquisas sobre fusão nuclear.
Israel não se limitou a bombardeios de seus aviões. As FDI também recorreram a drones, presentes no Irã, para assassinar líderes militares e cientistas nucleares em casa. Foi a segunda vez que esse método foi utilizado, tendo sido o ataque ucraniano a bombardeiros estratégicos russos (Operação «Teia de Aranha»), em 1º de junho de 2025, a primeira. Como não estabelecer um paralelo entre as duas operações, especialmente porque se ressaltava, à época, que essa ação fora coordenada com um Serviço Secreto estrangeiro, norte-americano ou israelense ? Para além de que deveríamos reconsiderar a possibilidade que Israel tivesse “declarado guerra” à Rússia, devemos lembrar-nos que o «nacionalista integralista», o General Vassyl Maliouk, Director do Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU), é um grande admirador do oficial SS Otto Skorzeny [17]. Agora, após a Segunda Guerra Mundial, Skorzeny, protegido pela CIA e pelo MI6, fundou uma agência, o «Paladin Group», que trabalhou em particular para Israel. Claro, Israel não bombardeou a Usina atômica em Bushehr, onde muitos engenheiros russos trabalham.
Além disso, na véspera do ataque israelense, a imprensa iraniana publicou os primeiros documentos nucleares desviados pelo Serviço Secreto iraniano em Israel. Um deles é uma lista de cientistas nucleares fornecida a Tel Aviv por Rafael Grossi. Acontece que é a lista exata de cientistas assassinados durante a Operação «Leão que se Levanta». Isso não significa que o Diretor da IAEA tenha ele mesmo designado os homens a serem abatidos, mas entretanto o torna cúmplice de suas mortes.
A operação « Martelo da Meia-Noite »
O presidente Donald Trump, esse, lançou a operação « Martelo da Meia-Noite» na noite de 21 para 22 de junho. Tratava-se de destruir três sítios de pesquisa nuclear iranianos. Segundo a versão oficial, as bombas GBU-57 poderiam ser lançadas uma atrás da outra no mesmo buraco, de modo a penetrar 80 metros de granito. Talvez sim, talvez não. Seja como for, garantindo que a missão fosse realizada, o Presidente norte-americano pretendia privar Jerusalém-Oeste de qualquer justificativa para prosseguir seu ataque ao Irã.
Enquanto uma polêmica começava em Washington com a Agência de Inteligência de Defesa (DIA), as FDI continuavam a bombardear o Irã, destruindo estoques (estoques-br) de gasolina e diversas infraestruturas. Estava muito longe dos objetivos fixados, assim como em Gaza o fato de matar de fome a população civil não tem qualquer ligação com o único propósito anunciado de vencer o Hamas.
O Presidente Trump deu então um murro na mesa e os aviões israelitas que se dirigiam outra vez para o Irão tiveram que interromper a sua missão e regressar às bases.
Thierry Meyssan
Tradução Alva
[1] “Quem tem medo do programa nuclear civil do Irã?”, Thierry Meyssan, Tradução : Luis Nassif, Rede Voltaire, 2 de janeiro de 2011.
[2] No entanto, sob pressão dos Estados Unidos, Georges Ibrahim Abdallah, o chefe das Facções armadas revolucionárias libanesas continua preso na França embora, segundo a lei, já devesse ter sido libertado há muito tempo por boa conduta. Ele é o mais antigo prisioneiro político francês.
[3] “As omissões do programa nuclear iraniano”, Thierry Meyssan, Tradução Alva, Rede Voltaire, 24 de junho de 2025.
[4] «El argentino Rafael Grossi, director del OIEA, estuvo a punto de desencadenar una guerra nuclear», por Alfredo Jalife-Rahme, La Jornada (México), Red Voltaire, 28 de junio de 2025.
[5] «Situation internationale : audition de Jean-Noël Barrot», Commission des affaires étrangères de l’Assemblée nationale, 2 avril 2025 (écouter à la 34° minute).
[6] «Protesta de Irán contra las falsedades del ministro de Exteriores de Francia», por Amir Saeid Iravani, Red Voltaire, 29 de abril de 2025.
[7] “O Golpe de Estado dos straussianos em Israel”, Thierry Meyssan, Tradução Alva, Rede Voltaire, 7 de março de 2023.
[8] “O lugar dos Estados Unidos e de Israel na UE”, Thierry Meyssan, Tradução Alva, Rede Voltaire, 18 de outubro de 2024.
[9] Verificación y Vigilancia en la República Islámica del Irán a la luz de la Resolución 2231 (2015) del Consejo de Seguridad de las Naciones Unidas, Informe del Director General Rafael Grossi, Organismo Internacional de la Energía Atómica (ref: GOV/2025/24), 2 de junio de 2025.
[10] Acuerdo de Salvaguardias en relación con el TNP concertado con la República Islámica del Irán, Informe del Director General Rafael Grossi, Organismo Internacional de la Energía Atómica (ref: GOV/2025/25), 4 de junio de 2025.
[11] «Acuerdo de Salvaguardias en relación con el TNP concertado con la República Islámica del Irán, Resolución aprobada el 12 de junio de 2025 en la 1769ª sesión», Organismo Internacional de la Energía Atómica (ref: GOV/2025/38), 12 de junio de 2025.
[12] «Rusia recuerda que Alemania, Francia y Reino Unido son los únicos responsables de la reducción de las actividades de verificación del OIEA en Irán por Vassily Nebenzia, Red Voltaire, 12 de junio de 2025.
[13] «El punto de vista de Irán sobre el Acuerdo de Viena relativo a la cuestión nuclear iraní (JCPoA)», Red Voltaire, 5 de junio de 2024; “Update from China, Russia and Iran on verifications of Iran’s nuclear program”, Voltaire Network, 4 de junio de 2024.
[14] «Annual Threat Assessment of the US Intelligence Community», Office of the Director of National Intelligence, March 2025.
[15] «Israel presenta la Operación León Ascendente», por Gideon Sa’ar, Red Voltaire, 17 de junio de 2025.
[16] “Que ordem internacional ?”, Thierry Meyssan, Tradução Alva, Rede Voltaire, 10 de novembro de 2023.
[17] “Quem telecomanda os drones de Kiev?”, Manlio Dinucci , Tradução Alva, Rede Voltaire, 11 de junho de 2025.
cientistas nucleares. O ataque israelense não visava portanto o objetivo anunciado, mas sim a destruição dos meios de defesa e de pesquisa iranianos.
A questão da violação dos compromissos internacionais de Israel e dos Estados Unidos, quero dizer, do Direito Internacional [16], surge mais uma vez. O representante permanente de Israel nas Nações Unidas, o embaixador Danny Danon, falou de uma guerra « preventiva e presumida ». Assim, Israel teria agido sem ser provocado (preventivamente) e no interesse da comunidade internacional (presunção). Por essa teoria, qualquer um poderia assassinar o vizinho a qualquer momento. Já observamos, antes mesmo da Operação «Espadas de Ferro » em Gaza, que Israel se comporta não levando em conta as vidas humanas dos civis, ou seja, para usar os termos da Conferência de Haia de 1899 (fundação do Direito Internacional), não « como uma nação civilizada, mas sim como bárbaros ». A participação militar dos Estados Unidos, com os radares da base al-Udeid, autoriza formular o mesmo julgamento sobre o comportamento de Washington.
Os países Não-ocidentais também reivindicam seu direito de acesso à Ciência. Israel assassinou civis que realizavam pesquisas sobre fusão nuclear.
Israel não se limitou a bombardeios de seus aviões. As FDI também recorreram a drones, presentes no Irã, para assassinar líderes militares e cientistas nucleares em casa. Foi a segunda vez que esse método foi utilizado, tendo sido o ataque ucraniano a bombardeiros estratégicos russos (Operação «Teia de Aranha»), em 1º de junho de 2025, a primeira. Como não estabelecer um paralelo entre as duas operações, especialmente porque se ressaltava, à época, que essa ação fora coordenada com um Serviço Secreto estrangeiro, norte-americano ou israelense ? Para além de que deveríamos reconsiderar a possibilidade que Israel tivesse “declarado guerra” à Rússia, devemos lembrar-nos que o «nacionalista integralista», o General Vassyl Maliouk, Director do Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU), é um grande admirador do oficial SS Otto Skorzeny [17]. Agora, após a Segunda Guerra Mundial, Skorzeny, protegido pela CIA e pelo MI6, fundou uma agência, o «Paladin Group», que trabalhou em particular para Israel. Claro, Israel não bombardeou a Usina atômica em Bushehr, onde muitos engenheiros russos trabalham.
Além disso, na véspera do ataque israelense, a imprensa iraniana publicou os primeiros documentos nucleares desviados pelo Serviço Secreto iraniano em Israel. Um deles é uma lista de cientistas nucleares fornecida a Tel Aviv por Rafael Grossi. Acontece que é a lista exata de cientistas assassinados durante a Operação «Leão que se Levanta». Isso não significa que o Diretor da IAEA tenha ele mesmo designado os homens a serem abatidos, mas entretanto o torna cúmplice de suas mortes.
A operação « Martelo da Meia-Noite »
O presidente Donald Trump, esse, lançou a operação « Martelo da Meia-Noite» na noite de 21 para 22 de junho. Tratava-se de destruir três sítios de pesquisa nuclear iranianos. Segundo a versão oficial, as bombas GBU-57 poderiam ser lançadas uma atrás da outra no mesmo buraco, de modo a penetrar 80 metros de granito. Talvez sim, talvez não. Seja como for, garantindo que a missão fosse realizada, o Presidente dos EUA pretendia privar Jerusalém-Oeste de qualquer justificativa para prosseguir com seu ataque ao Irã. Benjamin Netanyahu não escondera que também trabalhava para a derrubada do «regime» e Donald Trump parecera não ter se oposto a isso.
Enquanto uma polêmica começava em Washington com a Agência de Inteligência de Defesa (DIA), as FDI continuavam a bombardear o Irã, destruindo estoques (estoques-br) de gasolina e diversas infraestruturas. Estava-se muito longe dos objetivos fixados