Por Claude Fahd Hajjar
Boa noite Senhoras e Senhores
Saudações de Fearab América
Estamos aqui reunidos, neste setembro 2025 para lembrar o martírio de Suas Eminências Sayyed Hassan Nasrallah, Sayyed Hachem Safieddin e o Sheikh Ali Abu Rayya, (que a misericórdia divina esteja com eles).
Como foi vivido este cataclisma após o assassinato de Hassan Nasrallah?
O assassinato do líder histórico Hassan Nasrallah “Al-Sayyed” secretário-geral do Hezbollah ocorreu na sexta feira 27/9/2024, enquanto Israel bombardeava, à noite, o Líbano.
Esta tragédia ocorreu, em meio a um incrível tumulto de acontecimentos catastróficos que se abateram sobre a população libanesa, com os ataques aéreos intensos e simultâneos no sul do Líbano, no Bekaa e nos subúrbios do sul. Centenas de milhares de refugiados afluíram à capital num ambiente apocalíptico, chegaram a mais de 750.000 nos dias subsequentes. Foi difícil manter o controle da razão sob as bombas que atingiam múltiplos pontos de Beirute e no seu subúrbio do Sul, com os sons ensurdecedores dos drones que sobrevoam a capital libanesa dia e noite.
Foi difícil reagir ou acreditar no choque terrível causado pela série de atentados que se desenrolaram consecutivamente:
-a operação pager que feriu 4000 pessoas,
– os walkie-talkies,atingiram 600 pessoas,
– o assassinato do chefe do comando de AL Radwan,
– o fatídico dia 23 de setembro, que fez 600 mortos num só dia
–27 de setembro a maior das tragédia: toneladas de munições foram despejadas no quarteirão onde se encontrava o mártir Sayyed Hassan Nasrallah
Enquanto o assombro e a estupefação estavam na ordem do dia, havia fissuras entre os admiradores do líder, alguns apelam ao seu regresso, e outros pediam que os leve consigo.
A barbaridade do assassino sionista não poupou o mártir Sayyed Hisham Saffieddine, eleito Secretário Geral do partido, um colaborador próximo de Nasrallah, que foi ativo nos domínios militar, organizacional e político.
Após este golpe traiçoeiro, o partido se reorganizou e elegeu o Sheik Naim Qassem como Secretário Geral, enfrentou problemas de segurança, decidiu passar à clandestinidade e publicou um texto sobre a adoção da linha de uma guerra popular de libertação de longo prazo.
Foi um momento de tristeza e de recolhimento, porém, nada apagará o líder carismático da mente de milhões de pessoas no Líbano e no mundo árabe e muçulmano, e mesmo no mundo inteiro.
A reação veio, os combatentes da Resistência em uma batalha de vida ou morte, defenderam por 2 meses consecutivos as fronteiras no Sul do Líbano e impediram que o agressor sionista pudesse se estabelecer em nenhum ponto do território libanês.
Em 27 de novembro de 2024, veio o acordo de cessar fogo, um cessar fogo que acabou sendo cumprido unilateralmente, a resistência suspendeu a sua luta e Israel prossegue até hoje os seus ataques ao Sul e a todo o território Libanês.
Quem foi Sayyed Hassan Nasrallah?
Hassan Nasrallah “Al-Sayyed” secretário-geral do Hezbollah, foi um combatente anti-colonialista e anti-imperialista, um Libertador, o equivalente a um Giap, um Che ou um Ho Chi Minh. Ele foi uma das últimas armas levantadas contra o imperialismo. Viveu na clandestinidade, mas foi mundialmente reconhecido por suas análises certeiras e inspirava confiança e transmitia legitimidade a sua fala.
Os seus discursos foram por muitos anos aguardados, ouvidos e analisados não só por seus aliados e seguidores, mas por muitos especialistas em relações e conflitos internacionais .
Das seis guerras provocadas por Israel contra o Líbano em vinte e cinco anos (1978, 1982, 1993, 1996, 2000, 2006) o Movimento Nacional Libanês aliado ao Hezbollah provaram o seu valor em 2000, quando expulsaram o exército israelense após 22 anos de ocupação do Sul do Líbano e, em 2006, quando infligiu uma derrota esmagadora ao Estado sionista.
Foi a primeira vez, depois do Vietnã, que os simples comandos de um exército de libertação nacional ganharam uma guerra contra um exército regular armado até os dentes e assistido pelos Estados Unidos.
Vivemos agora a sétima guerra, iniciada em 8 de outubro de 2023, e uma grande maioria dos libaneses vê o Hezbollah como uma resistência que libertou o país após vinte e dois anos de ocupação israelense.
Uma grande parte da população, acredita que o armamento de dissuasão do Hezbollah impediu as reincidências assassinas de Israel durante dezoito anos.
A crise no Líbano deve-se a uma pressão econômica e social sem precedentes exercida pelos países ocidentais através das instituições financeiras. É inegável que o Líbano está no centro da batalha estratégica travada entre os EUA e o Oriente, que está incendiando vários países, incluindo a Síria, Irã, Iêmen e o Líbano.
Os doadores internacionais fazem depender a sua ajuda ao Líbano ao desaparecimento ou enfraquecimento considerável do Hezbollah. O Líbano está abertamente confrontado com duas alternativas: ou desarma o Hezbollah ou mergulha nas trevas da falência econômica, acompanhada de uma guerra civil .
Um ano após uma guerra com Israel ter desferido duros golpes contra o Hezbollah no Líbano, o movimento continua pagando seus combatentes e financiando seus diversos serviços sociais .
Membros do Hezbollah e beneficiários de seus auxílios, afirmaram que a organização está cumprindo com seus compromissos financeiros.
Seus combatentes continuam recebendo salários mensais para o sustento de suas famílias, muitas ainda esperando a reconstrução de suas casas destruídas por Israel, o que não é possível, por veto da entidade ocupante e inação do governo libanês.
As famílias dos “mártires” do Hezbollah ainda contam com seus subsídios, que cobrem aluguel e outras necessidades básicas, enquanto a ampla rede de escolas, hospitais e organizações de caridade do grupo o transforma em “um dos maiores empregadores do Líbano”, segundo pesquisadores e especialistas.
O Hezbollah está “sem dúvida sob pressão política e econômica”, embora seja difícil avaliar a profundidade do impacto.
Senhores,
Estamos vivendo o nascimento de um novo período histórico, cabe a nós compreendermos quais transformações estão sendo propostas e como poderemos participar na construção desta nova história, mantendo nossa soberania e nossa dignidade.
Existe a proposta de uma luta através de uma política econômica e novos projetos de investimentos, e alguns acreditam, aqueles que apoiam este projeto, que podem com esta proposta atingir e combater o inimigo. As promessas são amplas e vislumbram um futuro luminoso para a região. Porém, quem acredita?
Outra proposta fala em acordos de segurança com o ocupante sionista, na Síria, similar àquela realizada pela Autoridade Palestina e aplicada na Cisjordânia. Logo, por contágio, o Líbano também poderá estar sendo envolvido por esta mesma proposta de segurança.
Aí eu pergunto: Como poderemos continuar a defender o território e interesses da Palestina, Síria e Líbano se o próprio Estado passa a prestar serviço ao ocupante sionista?
O que está em jogo neste momento no Oriente Médio é o futuro da humanidade. Será que a ordem internacional do século XXI se baseará no genocídio e na limpeza étnica dos palestinos? Ou na sua proteção? Em suma, na barbárie ou na civilização?
Por um lado, a lógica dos Acordos de Abraão, por outro, a do Eixo da Resistência. Netanyahu e os seus aliados nos EUA acreditam que a eliminação da resistência na região abre caminho à submissão dos povos da região à supremacia estadunidense.
Precisamos nos reinventar enquanto Resistência e estar preparados para o futuro que hoje usa, como arma de luta, novas estratégias como a Inteligência Artificial .
Temos a força, a garra e determinação dos Bravos, saberemos reinventar nosso futuro e prosseguir na Luta até a vitória.
Esta é a promessa que deixamos para os Mártires hoje homenageados:
Nossa Resistência será reinventada!!!
Claude Fahd Hajjar
Conselheira da Presidência de Fearab América
São Paulo, 26 de setembro de 2025