A relação anteriormente secreta de Washington com a Al-Qaeda na Síria tornou-se pública desde que Ahmad al-Sharaa assumiu o poder em dezembro.
The Cradle
12 de setembro de 2025

(Crédito da foto: Presidência Síria)
O autoproclamado presidente sírio Ahmad al-Sharaa se reuniu com o chefe do Comando Central dos EUA (CENTCOM), Almirante Charles Bradley Cooper, em 12 de setembro para discutir segurança e cooperação regional, anunciou o gabinete da Presidência Síria.
O Enviado Especial dos EUA para a Síria, Tom Barrack, também participou da reunião com Sharaa no Palácio do Povo em Damasco.
“A reunião discutiu as perspectivas de cooperação nos campos político e militar, de forma a atender aos interesses comuns e consolidar as bases da segurança e estabilidade na Síria e na região”, afirmou a presidência síria em um comunicado.
O encontro entre altos funcionários americanos e Sharaa, ex-comandante da Al-Qaeda e do Estado Islâmico do Iraque, ocorreu um dia após o 24º aniversário dos ataques de 11 de setembro em Nova York e Washington.
O governo americano afirma que a Al-Qaeda executou os ataques que derrubaram os prédios do World Trade Center e danificaram o Pentágono, matando mais de 3.000 pessoas.
“O encontro refletiu a atmosfera positiva e o compromisso compartilhado com o fortalecimento da parceria estratégica e a expansão dos canais de comunicação entre Damasco e Washington em vários níveis”, afirmou o comunicado emitido pelo gabinete de Sharaa.
O presidente dos EUA, Donald Trump, encontrou-se com o presidente sírio em 13 de maio na capital saudita, Riad.
Durante o encontro, Trump anunciou o levantamento das sanções à Síria, elogiou Sharaa e o informou sobre a necessidade de tomar diversas medidas, principalmente a normalização das relações com Israel.
Anteriormente conhecido como Abu Mohammad al-Jolani, Sharaa tornou-se conhecido no Iraque por enviar homens-bomba para matar tropas americanas e civis xiitas após a invasão americana de 2003.
Após sua detenção na Prisão de Bucca, administrada pelos EUA, em Basra, Sharaa foi libertado por autoridades americanas e tornou-se líder do Estado Islâmico em Mosul.
Em 2011, ele viajou para a Síria sob ordens diretas do fundador do ISIS, Abu Bakr al-Baghdadi, e fundou a Frente Nusra, que se tornou a afiliada oficial da Al-Qaeda no país.
As agências de inteligência dos EUA, Israel e Reino Unido apoiaram Sharaa e a Frente Nusra por mais de uma década como parte da operação para derrubar o governo do ex-presidente sírio Bashar al-Assad, iniciada em 2011.
A CIA gastou US$ 1 bilhão por ano na operação para derrubar Assad, conhecida como Timber Sycamore, que envolveu o fornecimento de armas à Síria para abastecer a Frente Nusra e outros grupos armados extremistas salafistas.
A Nusra, posteriormente renomeada como Hayat Tahrir al-Sham (HTS), assumiu o poder em Damasco em dezembro de 2024.
As forças sírias leais a Sharaa realizaram o massacre de civis alauítas na região costeira do país em março, seguido pelo massacre de civis drusos na província de Suwayda em julho.
Fonte: The Cradle