A visão de Antoun Sa’adeh (3) Oposição ao Plano de Partição Sykes-Picot

Share Button

Imagem 1

Safia Sa’adeh

14/11/2025

O povo de Bilad al-Sham (Grande Síria) jamais imaginou que um dia seria dividido, nem que as potências ocidentais em expansão colocariam irmão contra irmão em nome da religião, seita, denominação, credo e raça. Não conseguiam conceber que sua bela pátria — colorida por sua população diversa, crenças e tradições — seria dilacerada, ou que essa desmembração lhes seria imposta à força, apesar de seus repetidos apelos contra a partição. Essa rejeição foi claramente expressa no relatório da Comissão King-Crane, a missão americana que chegou à região em 1919 para avaliar a opinião local.

Essa missão também alertou para o perigo do assentamento sionista, prevendo que um dia ele incendiaria toda a região.

Antun Saadeh opôs-se ao projeto de partilha com todas as suas forças e determinação. Ele via nele não apenas um meio para a dominação ocidental da região, mas também uma forma de facilitar o empreendimento sionista, que poderia então avançar sem oposição na ausência de uma frente unificada que ligasse os estados da região do Crescente Fértil, capaz de confrontar o imenso poderio militar ocidental.

Saadeh foi o primeiro a traçar uma distinção clara entre o judaísmo como religião e o sionismo como um movimento nacionalista de colonos que explora a religião para seus próprios fins. Ele explicou que “Israel” é um Estado construído sobre dois fundamentos racistas — um sistema de castas duplo. O primeiro é o princípio étnico, expresso pela ideia de pertencimento à pátria por descendência racial, em que a identidade judaica é definida pela mãe. Isso reflete antigas raízes tribais e as estruturas sociais de sociedades matriarcais primitivas que traçavam a linhagem pela linha materna. O segundo é o princípio sectário, enraizado na identidade religiosa, por meio do qual o sionismo rejeita categoricamente a integração com outros que diferem em fé ou etnia.

Saadeh foi também o primeiro a defender a reunificação da Síria Geográfica, afirmando que a libertação da ocupação, do deslocamento e da destruição só poderia ser alcançada através dessa unidade. Ele previu, além disso, a cumplicidade da Grã-Bretanha, que havia aberto amplamente as portas da Palestina à imigração judaica e que mais tarde trabalharia para desmantelar a Síria Geográfica tal como existia antes de 1920.

Para Saadeh, a unidade da terra síria era a ordem natural das coisas — não a partilha colonial Sykes-Picot imposta ao povo da região pela força das armas, como a Batalha de Maysaloun, na Síria, tão claramente demonstrou. A partilha nunca nasceu da vontade popular local; pelo contrário, a firmeza de Saadeh emanava dessa própria vontade popular — do profundo desejo do povo de recuperar sua terra e sua unidade.

Fonte: Saadeh Cultural Foundation

https://saadeh.info/article-detail/antoun-saadehs-vision-3-opposition-to-the-sykes-picot-partition-plan

Share Button

Deixar um comentário

  

  

  

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.