
Antoun Saadeh and Juliette Elmir in Buenos Aires (1943)
Safia Saadeh
Saadeh deixou o Líbano em segredo, visitou a Palestina e depois partiu por mar para o Brasil.
Por uma ironia do destino, Saadeh seguiria o mesmo caminho que seu pai, também forçado a sair do país pelas autoridades francesas. Em 1908, Khalil Saadeh entrou em conflito com o cônsul francês após convidá-lo para ajudar a fundar um hospital nacional em Beirute, durante o domínio otomano.
Embora o cônsul tenha aceitado o convite, recusou-se a contribuir, o que levou Khalil Saadeh a escrever um artigo criticando o cônsul e a posição da França.
Isso enfureceu alguns maronitas, que decidiram se livrar dele. As autoridades otomanas, preocupadas com a segurança dele e de sua família, o pressionaram a deixar o país. Ele partiu para o Cairo e lá permaneceu até 1913, quando sua esposa, Nayfa Nusayr, faleceu.
A esposa de Saad Zaghloul, Safia, cuidou dos sete filhos até que o pai pudesse organizar seus assuntos. Sua bondade e cuidado marcaram profundamente Antun Saadeh, que amava muito sua mãe.
Mais tarde, ele deu o nome de Safia à sua filha mais velha em gratidão a essa nobre mulher.
Assim como o pai deixou o Egito rumo à Argentina e depois ao Brasil, Antun Saadeh também se viu trilhando o mesmo caminho inverso: chegou ao Brasil, apenas para terminar na Argentina.
E assim como Khalil Saadeh havia deixado o Cairo em 1913, com a eclosão da Primeira Guerra Mundial no ano seguinte, Antun Saadeh chegou à Argentina pouco antes do início da Segunda Guerra Mundial.
Tanto o pai quanto o filho escolheram uma região neutra na América Latina, evitando residir nos Estados Unidos ou na Europa.
Saadeh escolheu o Brasil porque havia passado uma década lá e tinha muitos conhecidos e amigos intelectuais da “Suraqia”, além da alta estima em que seu pai era tido pela comunidade árabe.
Mas, assim que chegou a São Paulo, alguns opositores de suas ideias informaram às autoridades brasileiras que sua presença representava um perigo.
Ele foi obrigado a deixar o país, e a única rota disponível para ele era Buenos Aires, a capital da Argentina.
A comunidade árabe na Argentina não possuía o mesmo nível cultural encontrado no Brasil, já que a maioria dos “sírios” lá trabalhava no comércio. Mesmo assim, Saadeh não se desesperou. Ele começou a reunir nacionalistas e trabalhou na criação de um jornal com sede no Brasil, onde alguns de seus conhecidos supervisionavam sua publicação.
Em Buenos Aires, ele conheceu Juliette Elmir, que acabara de se formar em enfermagem e pretendia se especializar em radiologia. Ela era originária de Trípoli, no Levante; sua família havia emigrado no final do século XIX.
Juliette se sentiu atraída pelos princípios de Saadeh, movida por um profundo entusiasmo por sua terra natal e pelo desejo de participar do trabalho nacional.
Os dois se casaram em 1940. Juliette continuou trabalhando como enfermeira após o casamento, enquanto seu marido trabalhava sem qualquer remuneração material para construir um partido nacional e incentivar os homens e mulheres da diáspora a apoiarem sua pátria.
Fonte: Enviado por Safia Saadeh
