Por Emir Mourad
16/9/2025
“O massacre nos campos de refugiados de Sabre e Chatila é um dos episódios mais abomináveis na história da limpeza étnica do povo palestino.
Ele ocorreu entre os dias 16 e 18 de setembro de 1982, na periferia de Beirute, capital do Líbano, durante a ocupação israelense da cidade.
Milícias ligadas ao partido libanês de extrema direita “Falange”, aliado de Israel, adentraram os campos e exterminaram ao menos 2.400 pessoas desarmadas; a maioria mulheres, crianças e idosos.
O banho de sangue durou cerca de 36 horas. Houve estupros, torturas, mutilações.
O exército israelense não fez nada para impedir os ataques. Pelo contrário, estimulou a execução de civis inocentes bloqueando as saídas dos campos e iluminando o território à noite para que a Falange pudesse matar às claras.
Inúmeros testemunhos, inclusive de soldados israelenses, comprovam essa história.
Na apuração do caso, descobriu-se então que Israel não havia apenas sido conivente, mas que também ajudara no assassinato em massa dos refugiados palestinos, com a participação ativa de seu então ministro da Defesa, Ariel Sharon.
Menos de 20 anos depois, em 2001, Sharon seria eleito primeiro-ministro de Israel.
A participação israelense no massacre foi comprovada primeiro por um repórter da revista Veja, Alessandro Porro, um judeu nascido na Itália e naturalizado brasileiro, que atuava como correspondente de guerra à época.
Para desmontar o argumento inicial de Israel de que não tinha nada a ver com a situação, o repórter simplesmente contou os passos que separavam a central do comando do exército israelense dos campos de Sabra e Chatila: 183, cerca de 100 metros.
183 passos que seriam impossíveis de ignorar.
183 passos que separavam uma mentira de um escândalo que ganhou as manchetes do mundo e escancarou o projeto em curso de limpeza étnica da população palestina pelo Estado de Israel.”
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O texto acima foi extraído do artigo “A voz de Sabra e Chatila” publicado em 17/09/2021 no site da FEPAL – Federação Árabe Palestina do Brasil, entidade que representa a comunidade palestina no Brasil.
Leia a íntegra do artigo que contém a matéria do repórter Alessandro Porro para a Veja em 1982, um furo de reportagem internacional que revelou a participação de Israel no massacre de refugiados palestinos no Líbano, em 1982




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