Quando um Presidente sai do armário político 2

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Por Assad Frangieh.

O mandato do presidente do Líbano Michel Sleiman termina em três meses. A indicação do novo presidente, supostamente para Maio de 2014, é feita por eleições indiretas pelo parlamento formado por 128 deputados divididos igualitariamente entre cristãos e muçulmanos agrupados em dois grandes blocos: o primeiro liderado por Saad Al-Hariri tutelado pela Arábia Saudita e Estados Unidos e um segundo bloco formado por aliados do eixo de Resistência liderados pelo Hezbollah e pelo agrupamento do General Michel Aoun.

Seis anos atrás, Michel Sleiman era o comandante supremo do Exército Libanês e no impasse de um vácuo político, similar ao que acontece hoje no qual o país se encontrava dividido, um entendimento internacional que pouparia um confronto interno indicou seu nome para ocupar o posto mais alto do Líbano, reservado por consenso constitucional a um Maronita. Ao assumir a Presidência, seu gabinete ministerial declarou um programa de Governo no qual o item mais importante determinava o compromisso do Estado Libanês em manter o apoio necessário ao Hezbollah considerando-o um movimento nacional em defesa da soberania do Líbano perante as incursões de Israel. Esse compromisso foi batizado como uma tríplice aliança entre o Povo, o Exército e a Resistência.

Três anos atrás, Michel Sleiman começava demonstrar que sua convicção política não condizia com sua postura e juramento declarados ao início de seu mandato. Apostou na queda do Governo de Bashar Al-Assad e manteve dúbias atitudes principalmente quando algumas regiões fronteiriças com a Síria, tornava-se a base de logística dos Estados Unidos, da Arábia Saudita e do Qatar no envio de armas, munições e mercenários para os conflitos em Homs e Damasco. A um ano do fim de seu mandato, Michel Sleiman começou mostrar suas garras políticas: já que não conseguia ampliar sua base eleitoral popular na região de Jbeil, partiu para articular uma renovação de mandato por mais seis anos e na pior das alternativas uma prorrogação de seu mandato por outros três anos. Deixou a mascara cair e anunciou em discursos e atos solenes, seu apoio à política dos Estados Unidos e Arábia Saudita no Oriente Médio. Foi mais longe em dar sinal de alinhamento contra o Hezbollah numa demonstração de aproximação com o Monarca Saudita e o Presidente Francês. Recebeu a promessa de três bilhões de dólares do dinheiro saudita para comprar armas francesas no intuito de assegurar a fronteira libanesa, não de Israel, mas, do Hezbollah.

Michel Sleiman já recebeu cartão vermelho dos deputados da aliança 8 de março que não terá nem prorrogação e nem renovação mesmo que o país entra num vácuo presidencial. Não receberá nenhuma honra de mérito e será lembrado como presidente mascarado. Quando ainda militar do Exército Libanês, tentou falsificar documentos familiares para a aquisição da nacionalidade francesa, algo denunciado pela imprensa francesa e abafado pelo Governo da França. Talvez seja para lá sua próxima moradia. Em breve, Michel Sleiman sairá do Palácio de Baabda pela porta da frente e entrará na História pela janela dos esquecíveis.

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2 thoughts on “Quando um Presidente sai do armário político

  1. Responder Lejeune Mirhan mar 4,2014 10:17

    Grande, camarada. Integramos esse arco da resistęncia contra transfugas e quintas colunas como Sleimam!

  2. Responder Empalador mar 5,2014 3:32

    É o Fernando Henrique do Líbano, só que aqui, não temos o Hezbollah, para impedir traidores da pátria, ou apátridas como FHC de governar.

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