Bastou 24 horas para calar o tambor da Guerra 3

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Por Assad Frangieh.

Há dois anos, surgiu em Sidon ao sul do Líbano, um cheikh sunita chamado Ahmad Al Assir. Com apoio da mídia, pequenas manifestações de correligionários em praças locais e em Beirute, tornou-se um superstar do movimento salafista pró Qaeda. Apoiava abertamente as diversas facções que radicalizava como Joubhet Al Nousra, Jund Al-Sham, Fatah Al-Islam entre outras. A mídia o destacava na TV já que seus discursos cheios de slogans anti-sírios e anti-Hezbollah representavam conteúdo cheio nos jornais nacionais principalmente nas agências de notícias a serviço da Guerra contra a Síria, entre as quais a Future de Hariri, Al-Jazeera de Hamad e a Alarabiya de Bandar & Cia.

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Um discurso perigoso e provocativo que pregava a luta sectária na Síria e no Líbano. Quando percebeu que seu discurso não retornava mais tensão, começou apelar por manifestações de seguidores armados. Tentou isolar as entradas principais de sua cidade, montou acampamento exigindo que o Hezbollah entregasse suas armas. A situação era contornada pelo Ministro do Interior do Líbano e pela intervenção da turma do “deixa pra lá”. A deputada Bahia Al Hariri, irmã de Rafic Al Hariri e Fouad Al Seniora, ex premiê ministro e escudo fiel do eixo Saudita dos Hariris, dava a cobertura política necessária engessando às ações do Judiciário e do Exército para controlar os abusos do salafista pop.

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Dois dias antes do início dos confrontos, militantes do Assir desfilam armados frente ao Exército do Líbano. A foto circulou nas primeiras páginas dos jornais libaneses e provocou indignação. Vide o que está escrito atrás dos soldados.

Poucos meses atrás, Al-Assir começou viajar ao Qatar. Retornava com discursos mais explosivos e um tom de ameaças mais alto. Seu grande assistente é um famoso cantor Fadl Shaker que largou a vida de star da música para descobrir “Deus e o caminho do Jihad”. Determinou algumas quadras perto de Sidon como uma região militarizada ao redor de sua Mesquita. Alguns dias atrás declarou que algo grave acontecerá. De fato, aconteceu. Seus seguidores abriram fogo contra uma barreira do Exército Libanês matando 2 oficiais e ferindo 10 soldados. Ao mesmo tempo, declarou sua Revolução. Chamou pelo Jihad, convocou seus guerreiros para lutar contra o Exército do Líbano e cobrou a participação dos palestinos na sua luta pela libertação do Líbano, do Hezbollah e seus aliados.

Fadl_antes

 Fadl Shaker antes.

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Fadl Shaker depois de descobrir Deus e o Jihad. Em seu último video publicado no youtube, o cantor se vangloria de ter assassinado dois soldados libaneses, um dia antes da queda da zona militar e sua fuga de lá.

Em resumo, em menos de 24 horas, o Exército Libanês invadiu a “zona militarizada de A´Abra”, liquidou 40 militantes, prendeu mais 280 seguidores dos quais haviam dois terços sem nacionalidade libanesa, confiscou armas pesadas e teve a perda de 16 soldados e 40 feridos. Nenhuma facção palestina se envolveu. Nenhum grupo de Trípoli ousou deslocar seus militantes para Sidon enquanto isso, tanto o Assir como seu escudeiro cantor fugiram e continuam desaparecidos até agora.

Assir_1

O que aconteceu, foi um fogo de palha salafista extremamente perigoso, bloqueado pela vontade nacional libanesa. A cidade de Sidon sempre foi uma cidade símbolo da resistência às invasões de Israel. Uma cidade de sunitas, xiitas, cristãos e comunistas. Um abrigo aos palestinos e um portal ao Sul do Líbano. A ascensão de um salafista do ódio foi possível graças ao dinheiro do Qatar e a conivência de apostadores e conspiradores locais. Sua queda é uma lição que o novo Oriente Médio será escrito pela Resistência em todas as partes e por um eixo que começa no Sul do Líbano, passa por Damasco e Bagdá, terminava em Teerã e agora se estendeu à Moscou.

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3 thoughts on “Bastou 24 horas para calar o tambor da Guerra

  1. Responder jorge saade jun 27,2013 9:17

    srs:

    preciosas info q não se encontram na mídia
    nem o site moqawama não deu esta noticia com clareza
    o toque opinativo da noticia foi pertinente

    jorge saade
    engo.,jornalista
    aracaju,se

  2. Responder Fuad Achcar jun 29,2013 12:38

    Mais uma derrota dos aliados da Casa de Saud e da ex-emir catari, que já foi colocado para correr, verifica-se que 2/3 dos terroristas não eram libaneses, o mesmo que acontece na Síria onde os que lá lutam não são sírios.
    Esse cidadão, que se diz religioso, é mais um dos que deturpam o sagrado Islã e o Nobre Corão. Não conseguiu nem o apoio dos salafistas de Trípoli.
    Cidade milenar Sidon sempre abrigou Cristãos e Muçulmanos independente de serem sunitas ou xiitas e todos sempre lá viveram em harmonia. Mais uma tentativa de domínio do Catar usando seu dinheiro para destruir as nações árabes civilizadas. Não conseguiram no Líbano e não conseguirão na Síria.

  3. Responder Abu Ali jul 1,2013 9:02

    Esse maluco quer enfrentar o Hezbollah? Além de muito dinheiro, o salafistas do Qatar deram a esse cara uma boa dose de haxixe estragado… Toda força à Resistência Libanesa!!

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