Síria – toda historia tem dois lados – crítica de uma ativista americana pró-Síria 1

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“Água Prateada: Autorretrato da Síria” é um filme que recentemente estreou no Festival de Cinema de Cannes, em Paris – o único filme árabe na seleção oficial do Festival.

O filme documenta os abusos de direitos humanos supostamente cometidas pelas forças do governo sírio na cidade de Homs. Lilly Martin – uma americana que vive na Síria há mais de 20 anos – levanta sérias questões tanto sobre o filme como pela forma como ele está sendo recebido! Martin vive em Latakia – apenas duas horas de carro de Homs.

Martin não nega que as forças do governo não tenham cometido as atrocidades destacadas no filme. O que ela contesta, porém, é que aqueles que lutam contra o governo sírio sejam menos culpados de crimes semelhantes! Martin fala com conhecimento de primeira mão das atrocidades dos rebeldes, salienta que a Internet está repleta de exemplos de crimes cometidos por combatentes da FSA, para não falar das várias forças Takfiri!

Martin defende que um filme que só conta metade da história é um filme de propaganda! Pode ser divertido e artístico, mas se o seu efeito é mover os espectadores para o apoio emocional das forças rebeldes na Síria, então, ele precisa ser reconhecido pelo que é – uma peça de propaganda.  

Father Dave

Ativistas pela paz nos cumprimentam em Latakia

 

Onde está a outra metade deste filme? Um olhar crítico sobre as críticas do filme Água Prateada: Autorretrato da Síria”

Lilly Martin

 

Um filme sobre a guerra na Síria foi transmitido no Festival de Cannes. A mulher que filmou o documentário em Homs e o diretor que desenvolveu o filme em Paris foram ovacionados de pé. Ossama Mohammed e Wiam Simav Bedirxan uniram-se para produzir um documentário sobre a guerra na Síria, filmado em Homs por Wiam. Ossama tinha deixado a Síria e foi viver em Paris, quando Wiam o contatou de Homs, a partir de então o projeto começou após uma discussão sobre os vídeos feitos por ela de Homs.

Ossama Mohammed disse acreditar que o regime sírio queria destruir a história de cada indivíduo que se opunham a ele e que o seu filme poderia dar-lhes uma voz. Ossama Mohammed é um conhecido crítico do presidente sírio, Bashar al Assad. Ele usou sua expertise em cinema para apresentar o seu próprio ataque pessoal contra o regime sírio. Seu trabalho não é arte, mas é pura propaganda política.

O cinema tem sido utilizado como propaganda de guerra por diversas vezes. Johnny Rico escreveu sobre esse assunto dos filmes de guerra como propaganda em seu livro Top War Films Used as Political Propaganda.

“Às vezes é para dar presença visual de uma história desconhecida de guerra, ou para simplesmente entreter visceralmente. Mas outras vezes, é para empurrar uma agenda política e balançar perspectivas. Empurrar propaganda é uma das violações cardeais de minhas regras para filmes de guerra. Em suma, este filme inunda o espectador com todas essas narrativas incômodas e descrições horríveis na esperanças de alcançar um cordão emocional forte, sem qualquer explicação de acompanhamento ou nuance”.

Eu moro na Síria. Eu nunca deixei a Síria. Eu tenho enterrado os meus amigos e vizinhos desde 2011 até 2014. Minha própria casa em Latakia tem sido atacada; minha casa de veraneio foi ocupada e destruída em Kassab. Meus vizinhos em Ballouta e Kassab foram massacrados e outros estão desabrigados. Meus vizinhos foram sequestrados e ainda estão detidos e sendo torturados. Eu estou apoiando uma família de refugiados de Aleppo.

Você não vai ver nenhuma das minha experiência pessoais na Síria traduzidas neste filme. Você não verá nenhuma das experiências dos meus vizinhos na Síria neste filme. No filme Água Prateada: Autorretrato da Síria está faltando a outra metade, para ser uma imagem completa e inteira sobre a guerra da Síria. Este filme mostra apenas um lado. Mostra um regime brutal, com um militar brutal que tortura, estupra, mutila e mata civis inocentes.

Onde estão os números equivalente de civis torturados, violados, mutilados e mortos pelos rebeldes, e seus afiliados da Al Qaeda? Há dois lados mortais que lutam na Síria, duas máquinas de matar na Síria. Mas, este filme mostra uma guerra de dois lados por um só lado. Para cada crime de guerra e atrocidade cometida pelo governo sírio e os militares, posso mostrar e documentar um número igual de crimes de guerra e atrocidades cometidas pelos rebeldes e seus associados, os terroristas radicais islâmicos.

O público inocente de cinema serão movidos, balançados e emocionalmente afetados. Eles virão de longe o filme com um sentimento de ódio e desgosto pelo tal regime ou militar que podiam tratar seres humanos na Síria com tanta crueldade. No entanto, os telespectadores inocentes não entendem a imagem completa. Para eles, foram entregues metade de um filme e um discurso para fazer as suas mentes.

Quando veremos a outra metade deste filme? Quando todo o sofrimento do povo sírio será visto da mesma forma? Por que o sofrimento de alguns sírios são mais importantes para ser assistido do que outros? O diretor Ossama Mohammed encontrou a sua parceira perfeito na câmera de Wiam Simav Bedirxan. Ambos os parceiros tinham uma visão política e seus esforços combinados produziram um filme de guerra-propaganda unilateral sobre a Síria, filmado em Homs.

Se alguém quiser reconstruir a outra metade do filme, tudo que tem que fazer é ir ao www.YouTube.com. e ver as centenas de decapitações, terroristas comendo carne humana crua e outros crimes de guerra cometidos, filmados e enviados pelo Exército da Síria Livre e suas afiliadas islâmicas radicais. Existem inúmeros sites que documentam os crimes de guerra do Exército da Síria Livre, e qualquer um pode passar por esses documentos usando www.google.com. Você pode procurar novos artigos de notícias e vídeos sobre Jibhat al Nusra, Frente Islâmica, Al Qaeda e o Estado Islâmico do Iraque e da Síria. Todos estes são grupos de combate dos rebeldes na Síria que estão lutando contra o regime sírio. Os crimes de guerra e atrocidades foram documentados, filmados e postados na internet.

Vou apenas citar dois exemplos do que os rebeldes têm feito para meus próprios vizinhos. Na noite de 13 de agosto de 2013, na aldeia de Ballouta, eles entraram nas casas de civis enquanto dormiam. Não havia ninguém do regime sírio ou a presença de qualquer agente do exército da Síria na aldeia. Era puramente uma localização rural civil, perto da fronteira com a Turquia, e perto de Latakia. Os terroristas foram de casa em casa matando famílias inteiras. Homens, mulheres e crianças foram mortos. Não havia bombas, nenhum fogo cruzado, nenhuma batalha. Os rebeldes, que se opõem ao regime do presidente Assad, cortaram o barriga de uma mulher grávida e penduraram o feto na árvore pelo cordão umbilical. Houve sobreviventes, que correram e se esconderam nas florestas e foram levados para um abrigo em uma escola em Latakia, onde suas histórias começaram a ser contada como testemunhas oculares de um crime de massacre e de guerra. Alguns sobreviveram ao massacre, mas foram sequestrados. Essas pessoas sequestradas somavam cerca 100, compostas por algumas mulheres adultas, alguns adolescentes e crianças muito pequenas. Recentemente, em Latakia, cerca da metade dos sequestrados foram libertados em um acordo realizado que também incluiu alguns rebeldes em Homs. As vítimas de sequestro que foram libertadas relataram que foram mantidas nove meses em Selma, sob a terra, sem luz. Narraram sobre as torturas e o sofrimento, incluindo algumas histórias como a os olhos de uma criança pequena que foram arrancados pelos rebeldes e a de um menino pequeno que levou um tiro na cabeça por nenhuma razão, exceto pelo prazer de matar. Ainda existem cerca de 50 vítimas de sequestro detidas por estes mesmos grupos de rebeldes que afirmam que estão lutando contra o regime de Bashar al Assad. Como o ato de sequestrar, assassinar e torturar crianças pequenas se encaixam na imagem de combatente heroico pela liberdade?

Outra parte do filme você nunca vai ver em Água Prateada: Autorretrato da Síria, quando durante o auge do inverno em Aleppo, com neve pesada no chão, os rebeldes atacaram e entraram em um hospital psiquiátrico particular em Aleppo. O hospital Ibn Khaldoun foi atacado em janeiro de 2013. Eles mataram e abusaram de alguns dos funcionários e pacientes. Eles sequestraram um doente mental que era um conhecido pessoal. Os sequestradores chamaram seu pai e exigiram um resgate para libertá-lo. O valor do resgate foi acordado. Em seguida os telefonemas pararam. A família temia o pior. Finalmente, um dia um homem ligou e disse que tinha resgatado o paciente e levado para outro hospital em Aleppo. Ele tinha seus pés parcialmente congelados porque os rebeldes o tinham jogado na neve, o que exigiu a amputação parcial do seu pé. Seu crime: estar doente mentalmente e em um hospital privado sem conexão com o regime ou qualquer tipo de governo.

Eu sou uma ativista dos direitos humanos. Eu me importo com as pessoas que sofrem dentro da Síria, independentemente das suas opiniões políticas. Eu odeio os abusos e as torturas de qualquer pessoa na Síria, independentemente de quem é o agressor. Eu também odeio a representação unilateral da guerra na Síria. Ao mostrar apenas um lado você está ajudando o conflito a permanecer sem resolução. Mostrando um lado está alimentando as chamas da guerra, tortura e morte. Cinema: como uma ferramenta de tortura e uma arma de guerra. Todos nós vivíamos na Síria em paz e com respeito aos direitos dos nossos vizinhos antes e isso pode ser realizado novamente. O povo sírio são totalmente capazes de resolver as diferenças políticas entre si sem intervenção ou interferência internacional. O filme de propaganda da guerra, Água Prateada: Autoretrato da Síria é um ataque contra o povo sírio por parte daqueles que sofrem da Costa Sul da França.

 

Fonte: Site OpedNews. com

Artigo original disponível em: http://www.opednews.com/articles/Where-is-the-other-half-of-by-Lilly-Martin-Assad_Film-Festivals_Film-Reviews_Hospital-140523-960.html.

Traduzido por Luciana Garcia de Oliveira

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Um comentário sobre “Síria – toda historia tem dois lados – crítica de uma ativista americana pró-Síria

  1. Responder Estela Gutiérrez ago 13,2015 13:00

    Es una vergüenza esté film que apoya a la otan y su ejército de mercenarios wur están asesinando al pueblo sirio y atacando al gobierno democráticamente elegido de Siria con tal akta participacion y un apoyo que no ha obtenido ningún gobierno occidental. Y que participe en un Festival de un país de Mercosur es más aberrante aún.

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