Por Assad Frangieh.
O Presidente Obama deu uma de Pôncio Pilatos. Lavou a mão e passou o problema aos congressistas norte-americanos. Se vamos para a guerra, que seja em nome do Povo Americano. Desde que os Estados Unidos perceberam que as tropas do Exército Sírio já modificaram o campo de batalha e que a solução militar definitiva a seu favor é questão de tempo, criou-se o cenário de uso de armas químicas como pretexto internacional para intervir militarmente no país e tentar desequilibrar uma vez por toda a evolução dos acontecimentos.
Nas últimas semanas, Obama canalizou seus recursos diplomáticos no intuito de dimensionar a resposta da aliança que vai de Beirute-Damasco-Teerã e Moscou, com Pit Stop em Pequim. Parece que os Estados Unidos não absorveram ainda o conceito do fim da onipotência e a seriedade que tal aliança pretende marcar sua coesão. Foi impossível obter uma reação histérica da Síria, um compromisso de não reação do Hezbollah, uma tolerância do Irã e uma neutralidade da Rússia para “um ataque limitado de um ou dois dias”. Os iranianos deixaram claro que se envolveriam com ações desde o estreito de Ormuz até Tel Aviv afetando profundamente o fluxo de Petróleo e a segurança de Israel, o Governo de Natanyahu deixou claro que não toleraria “um ataque limitado de um ou dois dias” da Síria e do Hezbollah e consequentemente entrará também no conflito. Finalmente, Putin chamou para si à resposta russa: classificou de absurdo os argumentos de Obama, enviou mais um navio de guerra e alertou das mudanças na Ordem Mundial em especifico o papel do Conselho de Segurança da ONU.
A recusa do Parlamento Britânico em se envolver na guerra, as manifestações de rua crescentes de Paris a Washington, a posição contrária de países aliados como a Alemanha, Itália, Grécia, Espanha, Noruega e até a OTAN, um sentimento de revolta das Praças Árabes que vem ressurgindo gradativamente e, principalmente que a caixa da Pandora do Oriente Médio é fato e não mito, fizeram o Presidente Obama recuar por uma solução demagógica jogando a batata quente nas mãos dos congressistas.
Em outra atitude demagógica, porém realista, o Presidente Obama disse que as decisões de seu congresso estão acima de qualquer resolução internacional. Colocou assim toda a ordem internacional em questionamento. Os Estados Unidos não serão mais a Polícia do mundo. É assim que ele participará da reunião do G20 na semana que vem.
Acredito que o Congresso e o Senado norte-americanos não darão aval a uma declaração de guerra contra a Síria. A imagem de Obama de líder mundial não é mais importante do que uma caixa de Pandora aberta. Porém nem sempre os fatos históricos foram conduzidos com Sabedoria e Humanidade.
Até lá, a Síria continua sendo o coração da Resistência.
Os Estados Unidos não é nem nunca foi a policia do mundo. Muito pelo contrário á o terror do MUNDO.