O campo e os BRICS

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 8/8/2014, [*] Mauro Santayana, Jornal do Brasil

Coisas da Política

Enviado pelo pessoal da Vila Vudu

 

Moscou anunciou, nesta quarta-feira (6/8/2014), como consequência da imposição, pela Europa e os Estados Unidos, de três grupos de sanções contra a Rússia, a proibição, a partir do dia 8 de julho de 2014, e pelo período inicial de um ano, da importação de alimentos oriundos da União Europeia e dos EUA. A medida, que abarca carne bovina, peixes, mariscos, frutas, legumes, verduras, carne de frango, leite e derivados, atinge também as exportações da Austrália, do Canadá e da Noruega, e poderá ser estendida, como afirmou o Presidente Vladimir Putin, a “todos os países que decidiram impor sanções econômicas a entidades e/ou indivíduos russos, ou que se tenham associado a elas”.

 

Se essa decisão é má notícia para os agricultores europeus, que vendem 11 bilhões de euros, ou 10% de suas exportações, para o mercado russo, e, em menor medida, também para os norte-americanos, ela pode ser excelente para outros países, e, principalmente, para o Brasil.

 

Quando veio ao Brasil em julho, o Putin já havia anunciado – assim como fez também a China – a retomada das importações brasileiras de carne bovina. Agora, o Ministro da Agricultura da Rússia, Nikolai Fiorodov, acaba de anunciar que as importações de carne passarão a ser da Nova Zelândia e do Brasil – que deverá exportar também 150 mil toneladas de frango a mais.

 

Rússia retoma importações de carne brasileira

O Diretor do Serviço de Inspeção Sanitária e Agrícola russo, Serguei Dankvert, se reuniu com diplomatas brasileiros (carnes) , chilenos (frutas e peixes) e equatorianos (peixes e carne) para detalhar as oportunidades de exportação.

 

Mais uma vez, é preciso tomar cuidado com os cantos de sereia do “ocidente”.

 

O agronegócio brasileiro conhece, há anos, as múltiplas facetas do protecionismo europeu na área de alimentos, que vai da mera taxação da mercadoria, à restrição de cotas, barreiras sanitárias de todo tipo, e fartos subsídios para a sua agricultura e suas exportações, que subtraem e sabotam a competitividade de nossos produtos em várias regiões do mundo.

 

Por um lado, os europeus falam de “livre comércio”, mas atrasam o fechamento de sua proposta ao MERCOSUL no contexto das negociações comerciais em curso; diversos países predominantemente agrícolas recentemente incorporados ao euro colocam obstáculos ao acordo; e diversos setores da agricultura europeia, reunidos em organizações como a COPA e a COGECA, lançam manifestos contra qualquer acordo com os nossos países.

 

Para o agronegócio brasileiro, é fácil raciocinar: é melhor aproximar-se de um dos maiores importadores de alimentos do mundo, que é a Rússia, e da China e da Índia, países que estão crescendo mais de 5% ao ano, e incorporando dezenas de milhões de pessoas ao consumo a cada ano – todos eles nossos parceiros no BRICS?

 

As sanções serão mitigadas pelos BRICS

Ou investir tempo e energia com a Europa, um continente no qual a curva demográfica é descendente, o crescimento está estagnado e a população se encontra em acelerado processo de envelhecimento?

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Um continente que é o maior exportador mundial de alimentos, e que concorre diretamente conosco, subsidiando direta e indiretamente seus produtos no mercado internacional?

Na hora de negociar, não devemos bater a porta na cara de ninguém. Mas não podemos perder de vista, nem os nossos interesses, nem a lógica, nem a razão.

 

[*] Mauro Santayana (Rio Grande do Sul, 1932) é um jornalista brasileiro. Embora tenha estudado apenas até o segundo ano do antigo primário, o equivalente ao atual terceiro ano do ensino fundamental, ocupou, como jornalista autodidata, cargos destacados nos principais órgãos da imprensa brasileira, especialmente na mídia impressa, como Folha de S. Paulo, Gazeta Mercantil, Correio Brasiliense e Jornal do Brasil , no qual mantém uma coluna sobre política. Também escreve regularmente para a Carta Maior, é comentarista de televisão e mantém um blog, onde escreve artigos e crônicas sobre política, economia e relações internacionais.

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