Nova ofensiva israelense contra Palestina 4

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Para Oriente Mídia

Maitê Pereira Lamesa *

Uma nova-velha escalada de violência na Palestina. Desta vez, com as operações “Brothers’ Keeper” na Cisjordânia, seguida da “Protective Edge” em Gaza, são mais de 500 presos sob alegações de envolvimento na morte dos três israelenses sequestrados no dia 12 de junho, e 10 mortos, enquanto os números de Gaza revelam a carta-branca que Israel tem para matar: o relatório de 17-18 de julho da OCHA-oPt dá os números de 268 palestinos mortos, sendo 72% civis, enquanto 48 mil pessoas foram deslocadas e permanecem sob o abrigo da UNRWA.

Enquanto o órgão da ONU não divulga o relatório atualizado, sabe-se que os números de palestinos mortos em Gaza já ultrapassa os 340, vítimas agora também do ataque terrestre recém-anunciado pela IDF. São números que não cabem nas palavras “guerra” ou “conflito”, melhor enquadram-se no contexto de ocupação que, à revelia da Comunidade Internacional, já dura 47 anos, beirando a quarta geração de palestinos que não conhece outra forma de vida se não aquela truncada pela forte presença militar israelense.

A operação terrestre que, segundo Israel, almeja a destruição da rede de túneis utilizados pelo Hamas para atacar Israel, mata em sua quase totalidade civis, reservando às estatísticas menos de 30% dentre os mortos com alguma ligação com o Hamas. A IDF, ao contrário, prefere colocar muitos desses civis como “escudos-humanos”, tática militar comum desde a Segunda Intifada e também empregada nas operações “Defensive Shield” em 2006 e “Cast Lead” em 2008/2009, conforme relatório da Anistia Internacional. Segundo a B’tselem, organização israelense, esse método envolve a utilização de civis para checarem possíveis armadilhas, remover objetos suspeitos de estradas, permanecerem em locais onde está o exército visando impedir contra-ataques de palestinos, e irem à frente do exército, normalmente com armas apontadas às suas cabeças.

A morte de Abu Mheisen em 2002 é seguida de tantos outros civis utilizados como escudos nas conseguintes operações militares na Cisjordância ou Gaza, e mostra que sequer a Suprema Corte de Justiça israelense, que considerou a prática ilegal em 2005, conseguiu impedir tais atos criminosos sob todos os aspectos consideráveis. Pelo contrário, nas palavras de Netanyahu, a “IDF é o mais ético dentre os exércitos”.

Com operações periódicas, Israel prova perante o mundo que a ocupação está longe de acabar e que a paz para a região é uma questão intangível e inegociável, já que aquela lhe serve tão bem: afora as vantagens econômicas, Israel tem a carta-branca para continuar o que começou em 1948 (ou antes) conhecido como limpeza étnica de uma população indesejada como parte de Israel ou até mesmo como vizinha. Não há processo de negociação que resista ao crescimento acelerado de assentamentos em território palestino – para referir-se apenas a uma das questões cruciais –, como testemunhou-se na década de Oslo, e não há indicativo maior que esse para mostrar que Israel utiliza a ocupação como arma para destruir qualquer perspectiva para a população palestina de permanecer na terra.

Assim, enquanto carecem acordos, e enquanto acordos de cessar-fogo apenas simulam uma pacificação, não falta violência. E essa violência sempre sem limites e com muitos precedentes assola quase que exclusivamente os palestinos, os assola na verdade há quase sete décadas e da forma mais cruel, posto que invisíveis aos olhos da Comunidade Internacional, que aprovava em 29 de novembro de 1947 o Plano de Partilha da ONU, que em seus aspectos técnicos negligenciou os anseios e necessidades do povo palestino.

A partir de então, essa invisibilidade jamais foi vencida e os palestinos não passariam de números em noticiários, ao contrário dos israelenses sequestrados e mortos. Estes possuem rostos, nomes e famílias e assim mesmo deveria ser, mas deveria ser também para os palestinos. É humano sentir pelas mortes de quaisquer indivíduos, o problema é que não há nomes do lado Palestino, não há pesares e não há condolências. Não há arrependimento, não há reconhecimento dessa atitude como um mal, aquele mesmo “mal” identificado por Hannah Arendt quando reportando-se ao totalitarismo. Em sua oposição ao fascismo, a filósofa aprendeu que uma política justa será aquela que estenderá a igualdade a todos os cidadãos e a todas as nacionalidades. O que se vê, entretanto, é a desumanização de um conflito que coloca-nos a ver com apenas um olho, enquanto o outro se faz intencionalmente cego.

Essa invisibilidade é, todavia, forjada. Cínica. Sabe-se muito bem da existência desse povo e de seus direitos, sabe-se os nomes e números dos palestinos refugiados, dos massacrados e dos que são mortos constantemente por Israel. Sabe-se da existência da Nakba, que é recusada e relegada ao esquecimento. Não fosse verdade, não teria David Ben-Gurion ou David Gruen, seu nome de batismo, escrito em 1937 (mais de uma década antes da criação de Israel): “The Arabs will have to go, but one needs an opportune moment for making it happen, such as a war” (Os árabes terão de sair, mas é necessário um momento oportuno para fazer isso acontecer, como uma guerra). Sempre foi mais fácil destruir sem um mea maxima culpa.

 

   *Maitê Pereira Lamesa é advogada e pós-graduada, morou na Palestina e trabalhou na Civic Coalition – Jerusalem.

 

 

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4 thoughts on “Nova ofensiva israelense contra Palestina

  1. Responder SANTANA MG jul 20,2014 19:46

    ALLAH JEOVA DEUS JAH ESPERO EM TI SOMENTE EM TI QUE OS PALESTINOS E TODOS QUE SOFREM SEJAM LIBERTOS DA MENTIRA DA DOR DA FOME E DA SEDE DE GUERRA Clêumer 2014

  2. Responder Rodrigo jul 21,2014 16:15

    Meu deus,

    Nunca li tanta besteira em minha vida…

    Não percam seu tempo lendo tanta asneira…

  3. Responder Claude Fahd Hajjar jul 21,2014 16:25

    Uma pena senhor Rodrigo que não respeita a opinião de quem viveu em Israel, conheceu a realidade de perto. .

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