Nobel da paz para Israel 2

Abdel Latif Hasan Abdel Latif,

Médico palestino

O embaixador de Israel nos Estados Unidos, Ron Dermer, afirmou que ao contrário do que os grupos de direitos humanos e ONU alegam, o exército de Israel merece o prêmio Nobel da paz pela imaginável contenção que está demonstrando em relação aos civis palestinos. Tal noticia foi veiculada no Globo de 22/7/2014.

O embaixador disse que são inescrupulosos os que acusam Israel de cometer genocídio em Gaza, esquecendo que os soldados estão arriscando vidas para salvar palestinos.

Dermer acusou os grupos de direitos humanos de atacar os mocinhos e condenar Israel por suas ações de autodefesa.

O embaixador não está sozinho em seu surto parafrênico. O primeiro ministro Netaniahu também padece da mesma moléstia do seu embaixador. Afirmou que o exército israelense tem o padrão moral ímpar e o mais elevado do mundo, no Jerusalem Post em 18/7/2014.

O ministro do exterior de Israel não escapou da epidemia parafrênica que acomete a sociedade judaica sionista. Declarou que o exército israelense é o mais humano do mundo, no Jewish Press de 22/7/2014.

São inumeráveis as ações do exército de Israel que confirmou o alto padrão imoral daquele exército. Destacam-se pequenas amostras de conduta:

1. Até hoje, 03/8/2014, as vítimas do recente massacre de Gaza são 1.850 mortos, mais de 1% da população. São 9500 feridos, mais de 5% da população. 82% das vítimas são civis e 30% são crianças, segundo a ONU.

2. O exército de Israel destruiu, até 3/8/2014, dez mil casas. Bairros inteiros foram totalmente dizimados, como Beit Hanun, Ghazaa e Al Shajaía.

 

3. Matou onze jornalistas, quinze médicos e vários funcionários das agências internacionais de ajuda. A UNRWA anunciou hoje a morte de 9 funcionários da agência da ONU em Gaza.

 

4. O exército realiza limpeza étnica contra a população civil. Quatrocentos e quarenta mil civis, 25% da população, estão desabrigados e estão sobrevivendo em abrigos temporários, como escolas, mesquitas, igrejas. Tais abrigos estão superlotados, já que média de 80 pessoas vivem no espaço de um quarto.

 

5. Segundo Pierre Krahenbulh, comissário chefe da UNRWa em Gaza, em 30/7/2014, o exército de Israel deixa os feridos para sangrarem até morrer, inclusive crianças. Vinte ambulâncias foram atacadas e destruídas enquanto tentavam socorrer feridos palestinos.

 

6. O exército atacou a infraestrutura, destruindo a única usina de eletricidade, cortando o acesso a água, o sistema de esgoto, sendo que todas essas utilidades sempre são alvejadas dolosamente por Israel em todos os massacres. Gaza está sem energia elétrica há uma semana, não há água, medicamentos. Sequer há espaço para enterrar os mortos. Centenas de corpos estão sendo amontoados em geladeiras a querosene, em lojas, mercados. Tudo misturado a esgoto a céu aberto.

 

Dolosamente, destruiu o único porto de Gaza (o aeroporto já havia sido destruído há anos). Destruiu indústrias, agricultura, atacou pescadores, com o fito de inviabilizar a economia e vida em Gaza por décadas.

Os representantes da ONU afirmam que a vida em Gaza é inviável por muitos anos.

 

7. O exército merecedor do Nobel ataca e destruiu 5 hospitais. Atacou e destruiu escolas, mesquitas, igrejas cristãs. Conforme a ONU, Israel também destruiu 103 instalações humanitárias e 24 centros médicos.

 

8. Segundo a anistia internacional, o exército de Israel usa crianças e civis como escudo humano.

 

9. Israel comete os mesmos crimes nos outros massacres desde sua concepção e em especial, “aperfeiçoa” o massacre de 2008/2009.

 

São muitas as contribuições do exército para merecer o prêmio Nobel. Mas há outros que contribuíram da mesma maneira israelense e merecem o mesmo prêmio: Hitler.

Para não dividir o prêmio entre os dois, sugere-se que o embaixador israelense indique Hitler para outro prêmio, que poderia ser Nobel da literatura, física ou química.

Dermer demonstrou “habilidade” para indicar candidatos ao prêmio.

Abdel Latif Hasan Abdel Latif, médico palestino