Libertação de Deir ez-Zor está próxima-Putin consegue um xeque-mate geopolítico na Síria

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23/8/2017, Jon Hellevig, Russia Insider

Traduzido por Vila Vudu
Imagem: Tropas sírias avançam na direção de Deir ez-Zor
O Estado Islâmico no Iraque e na Síria (ing. ISIS) agoniza, isolado e caçado pelo Exército Árabe Sírio e aliados, que esperam dar por encerrada a história dessa organização terrorista, afinal, na cidade síria de Deir ez-Zor. Com essa vitória já muito próxima, Putin terá afinal construído um xeque-mate geopolítico, e acertado golpe esmagador nos esquemas da Nova Ordem Mundial no Oriente Médio.

Deir ez-Zor marcará o fim do ISIS

A batalha de Deir ez-Zor não será a batalha decisiva, pela suficiente razão de que o Exército Árabe Sírio e seus aliados já venceram a guerra. Mas a iminente libertação de Deir ez-Zor irá para a história como a batalha que marca a vitória, com a destruição do ISIS. Depois de Deir ez-Zor, o ISIS estará acabado, deixando os terroristas dispersos pelo deserto à procura de qualquer cobertura, como ratos assustados, porque já não terão bases urbanas onde se esconder. Depois, será preciso de meio ano a um ano inteiro para limpar todo o país, dos terroristas reminiscentes do ISIS. No mapa, a organização terrorista ainda parece controlar vastos territórios, mas são desertos não habitados. As últimas áreas habitáveis onde ainda há terroristas do ISIS serão afinal umas poucas vilas em torno dos vales férteis do rio Eufrates e de seu afluente rio Khabur.

À parte outras operações localizadas dispersas para limpar o território sírio de outras organizações jihadistas, o único problema que resta é a província de Idlib no noroeste da Síria, ocupada ainda por dois grupos jihadistas rivais, que agora combatem um contra o outro: o Hay’at Tahrir al-Sham, novo nome da Frente al-Nusra (que é o grupo local franquiado da Al-Qaeda) e Ahrar Al-Sham, apoiado pelos turcos.

Heróis no Nosso Tempo: os Defensores de Deir ez-Zor

The Stronghold of Deir Ezzor: All What You Need To Know About The Battle Against ISIS In Eastern Syria

Deir Ezzor passou praticamente quatro anos sob ataque e sítio do ISIS. É o mais longo sítio de toda a história moderna, mais longo que os 900 dias do sítio de Leningrado. Os defensores de Deir ez-Zor e os moradores cercados na cidade são os verdadeiros heróis de nosso tempo.


Ao longo dos anos, os moradores sofreram bombardeios e assaltos cometidos pelos terroristas que cercavam a cidade. Vastas áreas da cidade ficaram sem energia elétrica e sem acesso a água potável. Para alimentos e remédios a população passou a depender de entregas feitas por paraquedas, depois que o ISIS explodiu a estrada que ligava a base aérea à cidade. Ocasionalmente, helicópteros sírios conseguiam pousar na cidade trazendo reforços militares. Aqui se lê um relatório interno sobre as condições desumanas enfrentadas pela população de Deir ez-Zor durante o sítio.

Estima-se que aproximadamente 100 mil moradores estejam ainda sitiados em Deir ez-Zor naquelas condições de privação absoluta. Mas nada disso causou qualquer preocupação à elite ocidental, aos seus jornalistas e repórteres e aos seus políticos.

Houve muito choro e ranger de dentes quando o Exército Árabe Sírio ajudado pela Força Aérea Russa avançava para libertar Aleppo, então ocupada pela Al-Qaeda e outros variados grupamentos terroristas, eufemisticamente chamados “rebeldes moderados”. Mas o silêncio foi total sobre o sofrimento de 100 mil moradores de Deir ez-Zor sitiados pelo ISIS, um dos regimes de terror mais perversos que o mundo já viu.

Depois que o ISIS atacou em Nice, a Torre Eiffel foi iluminada com as cores da bandeira francesa; depois que atacou na Bélgica, com as cores da bandeira belga; depois que atacou em Orlando, com as cores da bandeira dos EUA. Mas ninguém viu as cores da bandeira síria naquela torre, sequer por um dia dos mil dias de terror aos quais foram submetidos os moradores de Deir ez-Zor.

Associando-se à frente de propaganda ocidental, a Igreja Estatal Protestante Finlandesa fez soar os sinos das igrejas do país como sinal de solidariedade aos terroristas do ISIS, no momento em que forças sírias e russas avançavam para libertar a cidade. Mas não se ouviram sinos dobrando pelas vítimas dos terroristas em Deir ez-Zor.

A elite ocidental e seu sistema midiático vassalo além de se manterem em silêncio no caso da luta por Deir ez-Zor, chegaram a ponto de expor toda a extensão do ódio que lhes inspiram as vítimas sírias do terrorismo, e incluíram na lista infame de sanções impostas ao país o nome de Issam Zahreddine, comandante da defesa heroica de Deir ez-Zor, que chegou a cidade para assumir o comando da resistência em outubro de 2013.

Nada esperem do ocidente.
Síria e aliados libertarão Deir ez-Zor

Os sírios nada esperam em termos de ajuda do ocidente para derrotarem o ISIS. Por que o ocidente ajudaria a derrotar terroristas que são parte do pacote de armas patrocinado por estados ocidentais e do Golfo a serem empregadas contra o povo sírio? A Síria conta com as próprias forças e com os próprios aliados: Rússia, Irã, a milícia do povo libanês, o Hezbollah, e o Exército de Libertação da Palestina.

Em meses recentes, o Exército Árabe Sírio vem rapidamente libertando vastas porções de território que o ISIS chegara a ocupar nas províncias de Aleppo, Raqqa, Hama e Homs. Agora, o Exército Árabe Sírio e aliados preparam-se para a batalha crucial por Deir ez-Zor.

É questão de semanas, não de meses, até que as forças governamentais afinal cheguem à cidade sitiada. Depois da crucial libertação de Al-Sukhnan, 60 quilômetros a nordeste de Palmyra, há umas poucas semanas, as forças pró-Síria moveram-se rapidamente para eliminar pelo oeste e pelo norte, a ameaça dos terroristas; milhares de terroristas do ISIS foram cercados em dois bolsões nas regiões de Hama e Homs. Assim isolados, os terroristas não ameaçarão o avanço das tropas na direção de Deir ez-Zor. Segundo matérias de jornal, o Exército Árabe Sírio e aliados já avançaram 30 quilômetros para leste, a partir de Al-Sukhnan. Esse avanço leva a apenas 60 quilômetros da cidade de Ash Shula, última cidade na estrada, antes de Deir ez-Zor.

A partir dali, começa a batalha por Deir ez-Zor. Ao mesmo tempo, as Forças Tigre, da elite do Exército Árabe Sírio vêm-se aproximando pelo norte e também estão a apenas 60 quilômetros de Deir ez-Zor. É evidente que detiveram o próprio avança há algumas semanas nessas posições, para esperar as forças que chegavam do oeste à estrada Sukhnan-Deir ez-Zor para se integrarem, e dali poderão se mover rapidamente para posições de ataque, quando chegar a hora. Ao mesmo tempo, outros grupos do Exército Árabe Sírio avançam ainda mais para o sul, perto da fronteira com o Iraque, para garantir que o ISIS não possa enviar reforços para o front de Deir ez-Zor.

Tão logo as forças do governo alcancem os arredores de Deir ez-Zor, não há dúvidas de que a batalha será rápida. Considere-se que os terroristas do ISIS nos melhores dias, com todas as próprias forças e apoio internacional, nem assim conseguiram invadir a cidade, que resiste há quatro anos contra força muito superior. Agora, com a carga da cavalaria que chega, tudo mudará.

Xeque-mate geopolítico de Putin e Waterloo da Nova Ordem Mundial ocidental

O establishment ocidental ficou estupefato, quando a Rússia entrou militarmente na guerra síria (ou talvez se deva dizer “quando a Rússia começou a interferir nos esquemas da Nova Ordem Mundial no Oriente Médio”), Depois de engolir em seco coletivamente, no instante do choque inicial, o ocidente rapidamente instruiu suas empresas de mídia e outros ativos de propaganda para que se pusessem a diminuir o impressionante acerto do movimento dos russos, ridicularizando-os. Nas palavras do então presidente Obama, a Rússia estaria “a caminho de atolar num pântano na.” Seria para a Rússia, outro Afeganistão, a Rússia perderia tudo e seria o fim de Putin… Logo depois dos primeiros sucessos russos e sírios, os norte-americanos mudaram de toada e o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA John Kirby anunciou que, em retaliação contra suas ações na Síria, a Rússia passaria a ser alvo de ataques terroristas em casa, seus jatos seriam explodidos, seus soldados voltariam para casa em sacos de cadáveres. Os russos optaram por interpretar esse discurso como nada além de ameaças mal encobertas, de que os EUA estavam tomando providência para que suas ‘profecias’ se cumprissem.

Mas hoje, com a iminente libertação de Deir ez-Zor, sabemos que Putin já está controlando a situação na Síria. Graças à decisão sábia de atender ao pedido do presidente Bashar al-Assad de que ele enviasse a ajuda de forças russas para a Síria, e graças à brilhante execução, pelo alto comando russo, de todas as ordens, o que o presidente russo, suas forças militares, forças do governo sírio e outros aliados conseguiram esmagar o ISIS e, com os terroristas, esmagaram também a operação de mudança de regime na Síria.

Putin protegeu as fronteiras sul da Rússia contra a disseminação dos exércitos de terroristas mercenários patrocinados pelos EUA. E Putin pôs a Rússia dentro do coração da geopolítica do Oriente Médio como força de estabilização, com vistas a garantir a paz na região, movimento político brilhante, respeitado igualmente por amigos e inimigos o que, por sua vez credencia a Rússia como força confiável naquela região.

Quando se anunciou, no final de setembro de 2015, que a Rússia enviaria suas forças armadas para a Síria, eu mesmo previ que a Síria seria a Waterloo da Nova Ordem Mundial promovida pela elite norte-americana.  Muito me agrada dizer que, sim, aconteceu exatamente assim.

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