Intervenção russa na Síria Semana 13: Desmascarar mentiras 2

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“Ninguém pode esquecer que os sírios estão lutando sua guerra de resistência contra o Império Anglo-sionista já há mais tempo (4 anos e 9 meses) do que a União Soviética lutou na 2ª Guerra Mundial (3 anos e 10 meses). É normal que já se vejam fissuras por todos os cantos. De fato, a única coisa que os sírios parecem ter em quantidade infinita é coragem.”

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Desde que começaram a circular rumores sobre uma iminente intervenção militar russa na Síria, a Internet e os veículos da mídia-empresa foram inundados por todos os tipos de rumores, os mais ridículos, mitos e mentiras descaradas sobre o que poderia acontecer ou aconteceria ‘com certeza’. Esses rumores, mitos e mentiras descaradas continuam a ser distribuídas hoje, e não só por interesses pró-EUA, mas até por ‘analistas’ supostos ‘pró-Rússia’. Todo esse nonsense ofusca completamente a realidade da intervenção russa na Síria (mas e se esse fosse o objetivo, desde o início?) e tenta pintar a operação russa como se tivesse fracassado completamente. Depois de três meses de ataques aéreos e com mísseis na Síria, é boa hora para avaliar se os russos alcançaram algum resultado tangível, ou se, como há quem sugira, tudo não passaria de grande operação de ‘Relações Públicas’.

A questão chave aqui é que critérios usar para aferir “sucesso”. E isso, por sua vez, obriga a discutir o que os russos teriam esperado alcançar, inicialmente, com a intervenção. Acontece que Putin disse clara e oficialmente qual era o objetivo da intervenção russa. Dia 1º de outubro, Putin disse o seguinte em entrevista a Vladimir Soloviev no canal Roussia 1 de TV:
“Nosso objetivo é estabilizar a autoridade legítima e criar condições para um acordo político.”
Aí está. O presidente Putin não disse que a Rússia, sozinha e desarmada conseguiria mudar o curso da guerra, muito menos que venceria alguma guerra. E por mais que alguns tenham visto a intervenção russa como evento que alterou completamente o destino do jogo que marcaria o fim do Daesh, eu, pessoalmente, jamais acreditei nisso. Eis o que escrevi exatamente um dia antes de Putin fazer a declaração acima:
“Aqui, que ninguém se engane: a força russa na Síria é bem pequena, pelo menos por enquanto, e nem de longe se parece ao que os boatos anunciavam (…) Repito, insisto que a intervenção russa é muito limitada. 12 SU-24Ms, 12 SU-25SMs, 6 SU-34s e 4 SU-30SMs não são uma grande força, mesmo que contem com apoio de helicópteros e mísseis cruzadores. Sim, a força russa foi muito efetiva no sentido de aliviar a pressão sobre o front noroeste e permitir uma contraofensiva do exército sírio, mas isso, por si só, não porá fim à guerra.”
Fui duramente criticado naquele momento, por ‘minimizar’ o escopo e o potencial da operação russa, mas escolhi ignorar aquelas críticas, porque sempre soube que o tempo provaria que eu estava certo.

O que aconteceu foi típico exercício de exagero: muitos comentaristas supostos pró-Rússia revezaram-se nas ‘análises’ mais eufóricas, que, dia seguinte, elevaram aos píncaros as esperanças do público, só para, dia seguinte, fazê-las desabar, desapontadas. Como se poderia prever, quanto mais aumentava a distância entre as esperanças e a realidade em campo, mais críticas se ouviam de que Putin e Assad poderiam vir a pagar caro pelo “fracasso” dos russos que não “ganharam” a guerra.

Aquele tipo de pseudo-análise é erguida sobre uma típica “falácia do espantalho“: a noção ridícula de que os russos teriam planos para, sozinhos, derrotar o Daech. Infelizmente, comentaristas ‘pró-Rússia’ contribuíram muito para construir esse “espantalho”, com suas expectativas e previsões completamente irrealistas (em tudo diferentes do que faziam os militares russos).

Acompanhando a segunda semana da intervenção russa na Síria, escrevi:
“(…) a força russa é pequena e vulnerável.

Claro, uma opção para os russos seria expandir a pista próxima de Latakia, mas isso consumiria tempo e mais recursos e, tanto quanto posso ver, os russos trabalham para consolidar o aeroporto e a pista que já existem. Mas, como expediente temporário, os russos poderiam usar bombardeios estacionados na Rússia. Se o Irã autorizar a Rússia a reabastecer em voo no espaço aéreo iraniano, ou se o Irã autorizar a Rússia a usar bases iranianas, nesse caso há muitos “pacotes de força aérea” SU-34/SU-35SM ou SU-34/SU-30SM que poderiam engajar-se na Síria. Em teoria, a Rússia poderia até usar seu Tu-22M3 para bombas de gravidade, seu Tu-95MS para usar mísseis cruzadores e seu Tu-160 para servir-se de qualquer das duas armas, ou de ambas.

Não me parece que haja qualquer necessidade militar de usar esses bombardeiros estratégicos no momento atual, mas pode ser boa ideia pô-los em operação, por motivos políticos – para mexer mais alguns ‘músculos militares’ e mostrar aos neoconservadores que ninguém se meta com a Rússia. Mísseis cruzadores lançados de submarinos também funcionariam, especialmente se lançados de submarino russo no Mediterrâneo que a Marinha dos EUA não tenha visto..
E foi isso, precisamente, o que aconteceu na sequência: os russos começaram a usar sua aviação estratégica para aumentar as próprias capacidades e mostrar ao ‘ocidente’ que o Kremlin falava realmente sério. E conclui aquela “Semana 2“, dizendo:
“Até aqui, o Kremlin está conduzindo operação soberba de Relações Públicas, explicando que o Daesh é ameaça direta a Rússia, e que é melhor para a Rússia “combatê-los lá, do que cá entre nós”. Mas essa lógica repousa sobre a ideia de que, para desequilibrar a relação de poder, basta intervenção russa muito limitada. Há uma linha conceitual muito fina entre desequilibrar a relação de poder e fazer guerra ‘dos outros’ – e aí está algo que o Kremlin vê com absoluta clareza. Deve-se esperar que essa linha não seja jamais ultrapassada.”

Para fazer justiça ao Kremlin, deve-se reconhecer que dizer que “melhor combatê-los lá, do que cá” não é, de modo algum, promessa de virar o jogo. Mas muitos comentaristas russos disseram, sim, que a intenção do governo russo seria, sim, alterar o equilíbrio em campo; e o Kremlin não desmentiu diretamente essas ‘interpretações’. A partir do que disse o presidente Putin, delineei como seguem, os objetivos do Kremlin:– Objetivo primário: estabilizar a autoridade legítima e criar condições para um compromisso político– Objetivo secundário: fazer pender a balança da guerra a favor das forças armadas sírias.Tendo pois descartado os tolos argumentos de espantalho, e depois de apresentar com clareza os reais objetivos dos russos, podemos agora, então, avaliar se a Rússia foi bem-sucedida ou não.Passadas apenas três semanas de operações russas aéreas e com mísseis, Assad foi a Moscou e aconteceram as primeiras negociações multilaterais que reuniram ministros de Relações Exteriores de Rússia, EUA, Turquia e Arábia Saudita, em Viena. Todos os países que consumaram agressões contra o estado sírio sob o slogan “Assad tem de sair” passaram a ter de engolir que Assad não sairia de onde estava. Até aí, sim, foi triunfo diplomático total, dos russos.

Esse primeiro triunfo foi seguido de outros triunfos em série no Conselho de Segurança da ONU. Entrementes, em solo, na Síria, os militares sírios pela primeira vez em meses realmente iniciaram várias contraofensivas que, lenta mas ininterruptamente, empurraram para trás o Daech em grandes setores do front. Assim sendo, se o critério é “estabilizar a autoridade legítima e criar condições para um compromisso político“, pode-se dizer que a operação russa é nada menos que vitória total, completo triunfo diplomático alcançado em período de tempo muito curto. Em menos de um mês, os russos conseguiram tornar realidade incontornável a presença de Assad à frente do governo sírio legítimo em Damasco; essa realidade, os odiadores-de-Assad tiveram de aceitar; e assim se criaram as condições para um acordo político, pelo menos, a ser negociado no campo diplomático.

Agora, examinemos mais de perto o que realmente aconteceu em termos militares. Antes contudo, me permitam repetir que nunca foi objetivo primário dos russos alterar o equilíbrio no plano militar; esse foi apenas um objetivo secundário, que poderia ser alcançado – ou os russos tinham esperanças de que pudesse ser alcançado –, no processo de atingir o objetivo primário e principal. Para provar meu ponto, terei de repetir outra e outra vez algo que já venho dizendo mantricamente nos últimos três meses: o “grupo operacional tático da Força Aeroespacial Russa, FAER [ing. AirSpace Force (RASF)] na Síria” (é o nome oficial) é praticamente equivalente, em tamanho, a um simples regimento de aviação.

Sem entrar em muitos detalhes, vocês precisam saber que a teoria militar russa desenvolveu conjunto de normas muito estritas que delineiam, em detalhes precisos, o tipo de forças necessárias para executar com sucesso qualquer tarefa específica.

O que sempre é absolutamente claro para quem tenha compreensão mínima de táticas de guerra e, especialmente, de operações aéreas, é que um único regimento de aviação não pode ser usado para derrotar força com bem mais de 100 mil combatentes distribuídos em território de cerca de 150 mil km2 (considerando só a Síria), apoiados por rede de bases e campos de treinamento na Turquia e em outros países da região, e que recebem suprimento quase infinito de armas, combatentes e dinheiro de numerosos ricos estados patrocinadores. Pergunte a qualquer pessoa que conheça, mesmo superficialmente, a teoria militar russa, e ele/ela lhe dirá que essa não é tarefa a ser atribuída a um único regimento de aviação. Quem diga coisa diferente simplesmente não sabe do que fala.

O que é realmente notável é que as dimensões das missões cumpridas por esse regimento de aviação equivalem, em volume de força, é volume que se atribuiria normalmente a uma divisão de aviação (força 3-5 vezes maior). Repito: essa força, com dimensões de regimento, executou, durante três meses, sem parar, com muito sucesso, o total de ataques aéreos que, em condições normais, são atribuídos a força 3 a 5 vezes maior.

Ora, não sei de vocês, mas, para mim, aí está sinal de operação fantasticamente bem-sucedida. Pergunte a qualquer comandante militar como ele se sentiria se a força sob seu comando se mostrasse capaz de cumprir, não o conjunto normal de tarefas que se prevê que cumpra, mas de 3 a 5 vezes mais – e em operação de combate real. Posso garantir que esse comandante estaria satisfeitíssimo.

O fato de que ainda haja quem fale de fracasso dos militares russos é sinal claro de desonestidade ou ignorância (ou das duas coisas).

Alguns pseudo-analistas tentaram justificar as próprias avaliações negativas da operação russa, calculando a porcentagem de mudanças no território controlado por forças do governo sírio, em relação a mudanças no território controlado pelo Daech e aliados. Mais uma vez: é caso de desonestidade ou incompetência na profissão. Pretender que o Daech controlaria perto de 80% do território sírio é nonsense, nada significa. Não só porque nesses 80% de terra não vivem mais de 20% da população da Síria, mas porque a noção de “controle” significa rigorosamente nada, no contexto da guerra na Síria.

O que está realmente acontecendo é o seguinte: muitas das operações de combate estão concentradas em torno de grandes áreas urbanas (cidades) e específicas vias de comunicação (estradas). Em termos de pequenas cidades ou do resto do país, simplesmente ninguém “controla” coisa alguma.

Tipicamente, quando forças do governo sírio tomam a vila “A”, as forças do Daech mudam-se para a vila “B”, e quando as forças do governo tomam “B”, o Daech volta para “A”. (Quem se interesse por essas questões táticas, devem ler essa entrevista de militar russo especialista, com longa experiência de Síria traduzida por meu amigo Tatzhit Mihailovich).

As forças do governo estão já super distendidas e fracamente capazes de montar uma ofensiva, sem ter de mover forças alocadas na defesa de cidades chaves. Essa é também a razão pela qual a contraofensiva síria foi tão lenta: terrível falta de capital humano.

Além disso, dado que a verdadeira luta se trava em volta de áreas urbanas e eixos chaves de comunicação, simples porcentagens de território não fazem sentido algum para calcular sucesso ou fracasso das operações. Considerem, por exemplo, Aleppo: se/quando os sírios afinal libertarem completamente a cidade, o que será grande sucesso contra o Daech, a porcentagem de território que terá mudado ‘de mãos’ será insignificante. Mas, sim, será enorme sucesso para as forças do Estado da Síria.

Nada do que escrevi até aqui, contudo, responde realmente à pergunta sobre se a intervenção militar russa na Síria mudou ou não a favor do governo da Síria a correlação de forças. Alguns dizem que sim, outros dizem que não. Minha opinião – estritamente pessoal – é que não mudou, ou, melhor dizendo, ainda não. Mas há sinais de que pode vir a acontecer em futuro próximo. Que sinais são esses?

Primeiro, a pressão sobre a Turquia para que pare de agir como estado-bandido governado por megalomaníaco irresponsável só fez aumentar desde a derrubada do SU-24 russo e a subsequente revelação, pelos russos, de que o regime turco – nomeadamente a família Erdogan – está envolvido diretamente com o Daech, no comércio ilegal de petróleo contrabandeado de território sírio. Até aqui, o regime turco ainda se segura, mas claramente sentiu o golpe no plano político, e as tensões já estão eclodindo dentro e em volta da Turquia. Não espero que Erdogan se deixe abalar por pressões externas, mas, sim, acredito que as tensões internas na Turquia acabarão por causar prejuízo também ao Daech, provavelmente prejuízo pequeno, a menos que os curdos realmente se movam para decidir. Se acontecer assim, o Daech será afetado de modo muito mais significativo.

Segundo, há alguns sinais de que o Daech está tendo dificuldades militares no Iraque e dificuldades políticas no restante do mundo árabe. O fato de os sauditas terem sentido a necessidade de criar o que é, basicamente, uma organização terrorista contra xiitas (mais conhecida pelo codinome oficial de “Islamic anti-terrorist force” [Força islâmica antiterroristas]) é claro sinal de que o Daech já não está correspondendo às expectativas nele investidas.

Terceiro, os russos estão instalando sistemas de artilharia pesada na Síria e treinando os militares sírios os quais estão agora, lentamente, mas sem interrupção, adquirindo o tipo de poder de foto que os russos já usaram com eficácia devastadora contra os wahhabistas na Chechênia.

Quarto, apesar de as operações aéreas russas serem, por definição incapazes de derrotar força de guerrilha bem implantada e muitíssimo dispersa, mesmo assim elas impuseram doses importantes de estresse nas linhas de suprimento e na logística geral do Daech. Também conseguiram restringir muito a mobilidade das forças do Daech, especialmente à noite.

Quinto, com o apoio direto da Força Aeroespacial Russa, FAER, os sírios, apoiados pelo Hezbollah, já começaram a retomar o controle de alguns segmentos da fronteira com Líbano e com a Turquia.

Essa, por falar dela, é uma das tarefas mais difíceis, mas mais crucialmente importante para as forças do estado sírio: pôr sob controle sírio o maior trecho possível da fronteira com a Turquia (o mesmo vale para os iranianos na fronteira com a mesma Turquia). Até agora ainda não está feito, e não poderá ser feito em futuro próximo, mas os eventos estão andando depressa, na direção certa.

O que realmente decidirá o resultado dessa guerra não é poder de fogo, mas a logística. Atualmente, os sírios estão em enorme desvantagem: não só sofrem de falta de munição e, especialmente, de peças de reposição, mas todo o arsenal sírio é antiquado e já ultrapassou em muito o tempo teórico de vida útil. O governo sírio também sofreu perdas terríveis em número de soldados mortos, mas os sírios não podem pensar em mobilização total dos cidadãos, porque essa medida atingiria muito gravemente uma economia já enfraquecida.

Ninguém pode esquecer que os sírios estão lutando sua guerra de resistência contra o Império Anglo-sionista já há mais tempo (4 anos e 9 meses) do que a União Soviética lutou na 2ª Guerra Mundial (3 anos e 10 meses). É normal que já se vejam fissuras por todos os cantos. De fato, a única coisa que os sírios parecem ter em quantidade infinita é coragem.

O Daech (e quando falo de Daech falo de todos eles, dos “terroristas do bem” e dos “terroristas do mal” está, até agora, se beneficiando de suprimento ilimitado de combatentes, equipamento, suprimentos e, muito importante, de dinheiro. Não é surpresa, dado que conta com apoio incondicional de EUA, Arábia Saudita, Qatar, Turquia, Israel e vários países europeus. O Daech tem também enorme vantagem geográfica, porque pode usar Turquia, Jordânia e Iraque como bases de retaguarda e paraíso seguro.

Aqui, que ninguém se engane: os sírios são o cavalo azarão, e não há o que os russos possam fazer que altere isso; não, pelo menos, os russos sozinhos. A questão chave aqui é o que o Irã é capaz e está disposto a fazer. O Irã já fez muito, e creio que os iranianos farão mais, mas só se não houver outra via. Não que falte coragem ou meios aos iranianos. A questão é que o Irã já está correndo riscos imensos, só por se ter envolvido tão profundamente na guerra na Síria.

Pessoalmente, muito me surpreende que os EUA e especialmente Israel ainda não tenham começado a ‘denunciar’ uma “invasão iraniana na Síria”, sobretudo porque os EUA não medem palavras ao falar de uma “invasão russa” totalmente inexistente, hoje ou antes, no Donbass. Mas se o número de coturnos iranianos em solo na Síria começar a aumentar, não há dúvidas de que esse tipo de propaganda será usada (mesmo que os iranianos lá estejam legalmente, a pedido do legítimo governo sírio).

Desgraçadamente, os Anglo-sionistas conseguiram criar confusão gigantesca e realmente muito tóxica, com todas as invasões que eles fizeram contra o Maghreb e o Oriente Médio, até fazê-las desaparecer na mistura. Assim como na Ucrânia, não há solução simples para pôr fim ao conflito e fazer voltar a paz.

Na Ucrânia, o Império Anglo-sionista disparou outro mix envenenado nauseabundo, em que misturou nazistas e judeus. E agora o Oriente Médio está ameaçado por infestação massiva por Takfiris. Nem Rússia nem Irã poderão jamais resolver esses conflitos com algo semelhante a alguma ‘vitória’. As coisas já foram longe demais.

Assim como a paz só voltará à Ucrânia depois de completa desnazificação, a paz só voltará ao Oriente Médio depois de completa des-Takfiri-zação da região, incluindo no processo a Arábia Saudita e o Qatar.

Aos que me acusarão de estar sendo ingênuo quanto às reais possibilidades de varrer da Ucrânia os nazistas, e do Oriente Médio, o wahhabismo, respondo com algumas perguntas simples e bem básicas:

– Alguém aí acredita realmente e sinceramente que seja possível fazer paz com nazistas e takfiris?

– Alguém aí supõe que qualquer desses grupos simplesmente ‘desistirá’ da própria loucura & delírio, e se converterá em força política ‘normal’? Ou

– Alguém aí realmente crê que bastaria libertar o Donbass e a Síria das garras desses shaitans e deixar o resto da Ucrânia/Oriente Médio entregue a eles… traria alguma paz ao Donbass ou à Síria?
A verdade é que a guerra na Ucrânia só terá fim quando toda a Ucrânia for libertada; assim também, a guerra só terminará no Oriente Médio quando todo o Oriente Médio for libertado. Você talvez não goste dessa ideia – eu com certeza não gosto –, mas a realidade nunca dependeu de nossos gostos e desgostos. Essa guerra será longa.


Ver também: Semana 1 / Semana 2 / Semana 3 / Semana 4 / Semana 5 / Semana 6 / Semana 7/ Semana 8[1] / Semana 9 / Semana 10 / Semana 11 / Semana 12


[1] Não há “Semana” 8, porque o Saker teve um falecimento na família. E não conseguimos traduzir a Semana 6, até agora, por absoluta falta de máquina. As demais análises semanais já estão traduzidas nos endereços acima [NTs].

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2 thoughts on “Intervenção russa na Síria Semana 13: Desmascarar mentiras

  1. Responder mauro fernandez jan 5,2016 18:24

    Análise primorosa sem paixão. Parabéns.

    Concordo em gênero,número e grau

  2. Responder lopes dez 21,2016 18:26

    Na minha EUA vem fazendo intervenções equivocadas no Oriente Médio ha mais de uma década. Houve o equívoco da Guerra do Iraque. E agora na Síria na guerra da Síria a posição americana é imoral. A Síria tem um governo soberano estabelecido. Ao meu ver a Russia agiu correto. Os EUA provocaram a desestabilização da região. Isto foi muito prejudicial para Europa que sofre agora um processo de imigração em massa. Vemos hoje uma reedição das Invasões Bárbaras do fim do Império Romano.

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