Carta de agradecimento à atriz Dani Suzuki por sua defesa à criança palestina

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Estimada Daniela Suzuki

Tomamos conhecimento, como instituição e como comunidade palestino-brasileira, integrante da diáspora palestina global, de postagem vossa, no Instagram, contendo manifestação de solidariedade à Palestina e de condenação do regime de Israel por sua conduta desumana de prender crianças palestinas, inclusive a partir de 12 anos, e condená-las a penas de prisão de até 20 anos por atos absolutamente ligados apenas à resistência à ocupação, como atirar pedras nos veículos blindados do exército ocupante israelense. Agradecemos muito pela sua solidariedade, bem como por sua coragem de manifestá-la com tanta firmeza, com tantos dados.

  • danisuzukiQue mundo é esse alguém me diz!!! A legislação militar israelense permite a prisão de menores a partir de 12 anos na área ocupada desde 1967 na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental. Entre 500 e 700 crianças entre 12 e 18 anos são detidas e processadas pelos Tribunais Militares todo ano. Sabe porque??? Jogar pedras em tanques blindados, por exemplo, pode ser punido com até 20 anos de prisão!!!!! As crianças palestinas muitas vezes ficam sem comunicação com sua família e advogados, algumas relatam abusos físicos e psicológicos, encarceramento solitário, uso de vendas, restrição de água e alimentação, falta de acomodação, limpeza e higiene pessoal precárias, superlotação, falta de aquecimento durante o inverno, roupas insuficientes e limitação de cuidados médicos, entre outras práticas DESUMANAS e degradantes o que viola totalmente as leis internacionais e os direitos da criança. Independentemente do que cada um pensa sobre a ocupação de Israel a Palestina, isso que está acontecendo com as crianças é inadmissível!! criança nao é instrumento de uso político , nao é bomba, não é objeto de troca de poder. Isso nao é normal. Nao se acostume. Divulgue!! Nao permita que elas fiquem em silêncio!! #amor #compaixao#absurdo #criancaspalestinas pesquisem sobre o assunto nas mídias internacionais, questionem e por favor dialoguem com respeito. Se seu discurso é ódio se paga com ódio, sugiro que procure outro lugar pra se expressar.

Malgrado ser uma manifestação de defesa dos mais estritos direitos humanos, tomamos nota de uma reação desproporcional e negativa de setores minoritários da sociedade brasileira, não raro de racistas e supremacistas, em condenação à sua justa denúncia. Alguns o fizeram da forma mais brutal e irracional, quase se igualando à opressão imposta por Israel à Palestina e ao seu povo, desarmado e indefeso, cercado e pilhado, expulso de suas terras, impedido de ir e vir em suas próprias cidades e vilas. Mas foram infinitamente maiores as manifestações em seu apoio, às quais nos somamos, e isto nos alegra muito.

Já outros, mais atentos às repercussões negativas de suas reações serem interpretáveis como de defesa de Israel e de seus crimes, o fizeram em termos diversos, pedindo que preste atenção ao outro lado, o israelense, que também sofreria consequências do que se dá na Palestina ocupada, como se pudessem ser equiparadas a potência ocupante e belicamente infinitamente superior e a população que sofre a ocupação. O Direito Internacional Humanitário e a Comunidade Internacional e suas instituições e organizações, dentre elas a ONU, repudiam esta equiparação desde o reconhecimento, há mais de 50 anos, do direito dos povos à autodeterminação e à soberania e à reação ao colonialismo em busca de suas independências.

Esta Federação Árabe Palestina do Brasil lhe estende, em nome da comunidade/diáspora palestina neste país que tão bem a acolheu, a mais irrestrita solidariedade e apoio, bem como curva-se em seu louvor por tão oportuna e corajosa manifestação, visto que ela se dá justo num momento de agudização da ocupação e da desproporcional reação de Israel às legítimas manifestações que pedem apenas e tão somente o desbloqueio de parte do território palestino, a Faixa de Gaza, sob hermética clausura há 11 anos, disto decorrendo, até o momento, perto de 50 assassinatos por franco atirados israelenses, muitos de crianças, e mais de 5 mil feridos, muitos com gravidade e até mutilados.

Por fim, aproveitamos do ensejo para convidá-la a visitar a Palestina, e não apenas para conferir in loco seu sofrimento sob o apartheid e a limpeza étnica impostas pela ocupação, mas para que conheça um povo vibrante em suas cultura, história milenar, culinária, cidades tão antigas quanto a civilização, seus sítios arqueológicos, sua espiritualidade reverenciada por bilhões de pessoas, e especialmente sua alegria, que não cede aos escombros e cadáveres que lhe são impostos.

A diáspora palestino-brasileira, comovida por sua solidariedade, se coloca à sua inteira disposição e em sua irrestrita defesa. A aguardamos na Palestina em breve.

Brasil, 26 de abril de 2018.

ELAYYAN TAHER ALADDIN

Presidente

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