Apenas sob a proteção Divina! 3

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Por Assad Frangieh.

Há nove meses que o político libanês Tamam Salam não consegue formar um novo gabinete ministerial para substituir o auto-demissionário Premiê Nagib Miqati. Há aproximadamente cinco meses, o Parlamento Libanês prorrogou seu próprio mandato de quatro anos por mais 18 meses. No primeiro semestre de 2014, o mandato de seis anos do Presidente Michel Sleiman se encerra. Ele sonha com a prorrogação, porém, tudo indica que ele deverá se retirar. Outro cargo que ficará vago.

No início da crise na Síria, o Governo tentou um acordo nacional de imparcialidade. O ex-Premiê Saad Al-Hariri que comanda o Movimento 14 de março, ignorou totalmente tal entendimento apoiando às claras, a oposição síria nas esferas políticas, diplomáticas e na logística de envio de armas, munições e principalmente criando refúgios em solo libanês aos grupos armados que lutam contra o Estado Sírio. Contava com as promessas de derrubada do Governo Sírio em dias, semanas, meses e que lhe pareceu agora que nunca virá a seu modo. Quando descobriram que o Hezbollah não ficará de braços cruzados à espera de um golpe direto e que a organização se engajará no conflito, o Movimento 14 de Março demonstrou-se paralisado e dependente das decisões externas, em específico da Arábia Saudita. Como o Gabinete precisa de um consenso na divisão dos ministérios, o Movimento 14 de março exige o afastamento dos representantes do Hezbollah. Sozinho, o Movimento 14 de março não consegue formar um gabinete majoritário e corre o risco de uma desobediência civil generalizada e na consequência, um conflito armado.

Há quase um milhão e meio de refugiados sírios no Líbano formando junto aos refugiados palestinos metade da população libanesa. Não há instituições governamentais que aguentam tal fardo humanitário, econômico e de segurança pública. Até os projetos de exploração de petróleo e gás descobertos nas águas marítimas do Líbano estão paralisados por falta de legislação para editar as licitações e definição de tributos das empresas exploradoras. Somando os interesses privados dos políticos locais, há uma pressão dos países do Golfo sobre seus aliados do Movimento 14 de março para impedir a entrada do Líbano no clube dos países autônomos em produção de energia.

As reviravoltas da Guerra contra a Síria, os sinais de um acordo entre os EUA e a Rússia, a reintegração gradual do Irã na Comunidade Ocidental, o fim dos sonhos em derrubar o Presidente Assad e o Estado Sírio, terão reflexos em todo o Oriente Médio. Com a Arábia Saudita contrariada e seus súditos no Líbano recebendo ordens às cegas, o Líbano vive na beira do abismo.

Como de práxis, a corda sempre arrebenta do lado mais fraco.

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3 thoughts on “Apenas sob a proteção Divina!

  1. Responder Fuad Achcar out 28,2013 9:31

    Antigo ditado do Oriente Médio diz que quando a Síria espirra o Líbano pega gripe. A pretensão saudita, via Hariri, de afastar o Hesbollah do jogo político libanês não encontra respaldo na população libanesa e tende a fracassar, como de fato está ocorrendo.
    A tentativa de derrubada do governo sírio também fracassou frente à unidade do povo sírio e de seu exército em torno das lideranças políticas nacionais em especial do Presidente Bashar Al Assad. Hoje isso não encontra respaldo nem naqueles que deram integral apoio aos terroristas na Síria, inclusive o 14 de março.
    O Líbano deveria se unir em torno de suas instituições, sem exceção e sem ódios familiares, e tentar formar novo gabinete com a partipação de todas as frentes políticas nacionais.
    O Saad Hariri não se conforma em ter perdido o cargo de 1º Ministro quando se encontrava em reunião com o presidente Obama e quer se vingar de todos e não vai a lugar nenhum.

    • Responder Assad Frangieh out 28,2013 9:46

      Por sinal, Saad Al-Hariri fixou residência entre a Arábia Saudita e a França e não retorna ao Líbano há mais de 8 meses. Isso é sinal que nem ele se assegura no Líbano.

  2. Responder Lejeune Mirhan out 28,2013 10:40

    Camarada Assad, belo artigo, bem resumido. Confesso que não essa capacidade de síntese. De minha parte quero dizer: 1. Fica cada dia mais claro o acordo dos EUA com os Irmãos da Irmandade, em troca da segurança de Israel e dos interesses estadunidenses; 2. Um novo OM vai se desenhando, na velocidade que vislumbramos uma nova ordem mundial, um mundo menos desamericanizado; 3. Hariri e seu agrupamento, talvez fique mesmo definitivamente na França; não tem clima para voltar; o Líbano não voltará atrás, em que pese terem forças ainda os lacaios do imperialismo; 4. O bloco da resistência, do eixo Irã-Síria-Iraque, mais comunistas e patriotas árabes vai crescer; 5. O Irã será aceito no Ocidente, mas não se integra a esse campo; 6. Essa aliança que fazemos lá naquele mundo, deve se repetir por nossas plagas nacionais. Abraços e parabéns

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