Anwar Assi: A politicagem no prêmio Nobel da Paz

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Por mais dramática que seja a história de Malala Youssafzay, atacada covardemente por terroristas do Talibã, a concessão do prêmio Nobel da Paz de 2014 para a jovem paquistanesa de 17 anos e ao indiano, Kailash Satyarthi, mostra que a politicagem no seu nível mais baixo rola solta na escolha dos membros do Comitê Nobel norueguês.

Por Anwar Assi- Vermelho- 10/10/2014

 

Charge de Latuff

Revela mais uma vez que nem sempre quem merece ou quem trabalha de fato pela paz, leva o prêmio. Exemplos não faltam. Um deles é o do atual presidente do Estados Unidos, Barack Obama, que foi agraciado em 2009 sem fazer jus ao título de “campeão da paz” mundial.

Desde que ganhou o prêmio, Obama e seu governo já bombarderam vários países, estimularam o conflito na Ucrânia e financiaram a guerra na Síria, favorecendo o fortalecimento da Al-Qaida e o surgimento do ISIS, o grupo terrorista da vez. Sem falar que ainda não desmantelou a prisão de Guantânamo como havia prometido.

Outro exemplo de politicagem foi a concessão do prêmio “da Paz” para o criminoso israelense Shimon Peres, o carrasco que ordenou em 1996, quando era primeiro-ministro de Israel, as Operações “Vinhas de Ódio”. Os ataques resultaram na morte de centenas de libaneses, incluindo mais de 100 civis, entre elas mulheres e crianças, que buscavam refúgio contra os bombardeios isrsalenses, em uma base da ONU (Organização das Nações Unidas), na cidade de Qana, no sul do Líbano.

Enquanto assassinos como Barack Obama e Shimon Peres já foram contemplados com o Nobel da Paz, a brasileira Zilda Arns, que fez mais pela paz do que os dois criminosos juntos, nunca foi agraciada com o prêmio.

Merecimento

O ex-funcionário da CIA, o analista de sistema Edward Snowden, é o verdadeiro campeão da paz. Snowden merecia ganhar o prêmio Nobel da Paz de forma disparada. As denúncias que revelaram o mega esquema de espionagem que o governo dos Estados Unidos promoveu em todo o mundo , inclusive contra seus aliados, tiveram mais importância para a paz mundial do que Malala e Sartyarthi, juntos.

Lutar pela educação não é algo exclusivo da garota paquistanesa e nem do indiano. Agora, enfrentar a maior potência do mundo e colocar sua vida em risco para denunciar uma das maiores histórias de violações de direitos humanos do mundo – a espionagem dos Estados Unidos –, não é para qualquer um.

Snowden não levou o prêmio da Paz para não desagradar aos Estados Unidos. Se ele fosse russo, chinês, iraniano ou venezuelano, provavelmente ganharia o título. Mas quem quer se indispor com os Estados Unidos? Por este motivo, massificaram a história de Malala, massificação essa patrocinada por um governo aliado dos Estados Unidos – o Reino Unido –, que assassinou milhares de crianças iraquianas durante a invasão do Iraque, em 2003.

Tenho admiração por Malala e sou anti talibã. Porém, não há dúvidas que a escolha de Malala tem o claro objetivo de evitar que Snowden ganhasse o prêmio Nobel da Paz. O indiano Satyarthi foi colocado “no meio” só para dar uma maquiada.

Crianças palestinas

Se a luta louvável para que crianças tenham acesso à educação merece o prêmio da Paz, então as crianças palestinas merecem esse título também. Afinal, o governo e o exércio do Estado Judaico de Israel (EJI) destruiu mais escolas do que o Talibã. Os terroristas sionistas do EJI impediram que mais crianças tivessem acesso à educação do que os terroristas wahabitas do Talibã. O próprio governo do “campeão da paz” Obama já matou várias crianças no Afeganistão e Paquistão com seus drones (aviões não-tripulados).

Definitivamente, não faltam critérios para aqueles que escolhem os “campeões da paz”. O que falta mesmo é óleo de peroba na cara de pau desses hipócritas que sujaram a credibilidade do prêmio Nobel da Paz.

*Jornalista brasileiro, já colaborou com The Daily Star, único jornal de língua inglesa do Líbano.

 

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