A disputa agravada entre a Saudita e o Qatar 1

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Por Assad Frangieh.

Após reunião do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) nesta quarta-feira dia 5/03, a Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Bahrein, retiram seus embaixadores em Doha oficializando assim suas divergências profundas com o Qatar. A declaração feita em Riyad alega necessidades de proteger a segurança e a estabilidade na Região. O Qatar tentou minimizar dizendo que não fará a retirada de seus embaixadores e que a origem do problema está em assuntos externos ao CCG, especificamente no Egito.

Há três semanas em reunião do CGC no Kuwait, houve um bate boca entre o Ministro do Exterior Saudita e o Emir do Qatar. Saud Al Faiçal acusou o Emir Tamim de ingerência em assuntos internos da Monarquia mostrando recortes de jornais com textos tutelados pelo Qatar. O Emir ridicularizou o gesto saudita e pediu provas oficiais. O clima fechou e a reunião foi salva pela intervenção diplomática do Rei do Kuwait Sabbah Al-Ahmad, anfitriã que presidia a reunião.

Há dois cenários graves que formam o aumento das tensões internas no CCG. O primeiro foi desencadeado com a explosão de uma bomba controlada à distância em Manama, capital do Bahrein, matando três agentes de Segurança, um deles oficial dos Emirados. Três anos após as manifestações populares no Bahrein e a intervenção militar de tropas sauditas sob a denominação de “Escudo da Península”, não houve entendimentos políticos para o fim da crise. Os confrontos se limitavam às pedradas, cacetes, gás lacrimogêneo e algumas bombas Molotov. Com a explosão da bomba e os alertas crescentes de militarização da crise, o Bahrein tem séria preocupação de estar entrando num quadro de instabilidade, sendo seu contágio direto, na Arábia Saudita.

O segundo aspecto da crise, visto com maior gravidade, é o apoio ideológico e as ajudas financeiras e de logística do Qatar à Irmandade Muçulmana, cujo arqui-inimigo é o Wahabismo que forma a coluna vertebral do pensamento religioso da Monarquia Saudita. O Bahrein é fortemente tutelado pela Arábia Saudita enquanto os Emirados Árabes Unidos nunca negou sua antipatia pela Irmandade Muçulmana e suas tentativas de ingerência na Monarquia de Khalifa bin Zayid Al Nahyan. O Qatar foi expulso do Egito enquanto a Arábia Saudita tentou preencher o vácuo de novos aliados injetando, junto com os Emirados e o Kuwait, 13 bilhões na economia do país. Qualquer egípcio sabe que pior que a Irmandade Muçulmana no seu anseio ao Poder, o Wahabismo constitui o caminho mais rápido às trevas da Idade Média.

É possível que a segurança pública do Golfo se torne instável e células adormecidas de ativistas e terroristas começam agir. Ao mesmo tempo, os Estados Unidos devem intervir para acalmar seus súditos e quem sabe, vender mais armas só que desta vez sem o pretexto do bicho papão do Irã ou da resistente Síria.

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Um comentário sobre “A disputa agravada entre a Saudita e o Qatar

  1. Responder Ahmad Kayali mar 6,2014 0:57

    Ótima matéria, infelizmente essas monarquias que acaba com parte das nações arabes

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